“Trabalhamos com as empresas para ajudar a reduzir consumos”
A EDP organiza na quarta- feira, no Porto, um seminário dedicado às pequenas e médias empresas e à gestão de energia como instrumento de competitividade. Quais são os desafios destas empresas no atual momento económico? Têm muito que ver com a retoma e com a situação do mercado. As empresas estão a fazer um esforço muito grande para ultrapassar esta fase e encontrar novos mercados, e as que o conseguirem vão ser fortes. Já se começa a ver alguns sinais em investimentos – não de empresas pequenas, mas alguns já de alguma dimensão. Como é que uma melhor gestão da energia pode ajudar a aumentar a competitividade? A energia é um input quase transversal. Quando se fala em energia, há um foco muito grande na eletricidade, mas a energia é muito mais do que isso. Temos de garantir que a economia evolui no sentido de termos preços bastante competitivos em relação, pelo menos, aos nossos parceiros europeus. E, nesse caso, Portugal está bem. Particularmente na eletricidade, está abaixo da média europeia para a maioria das empresas. Agora, isso é a parte do preço. A fatura é preço vezes quantidade. E, na área da quantidade, as empresas portuguesas são moderadamente eficientes. Aí há oportunidades muito interessantes. Que iniciativas é que a EDP já tem para ajudar a poupar energia? A EDP tem, desde meados de 2012, um programa chamado Save to Compete, em que nós, junto das empresas, identificamos as oportunidades de poupança, investimos se necessário o nosso próprio capital na instalação do cliente e depois recuperamos esse investimento através de parte das poupanças geradas. É uma parceria com as empresas e uma decisão em que quase não há nada a perder, na medida em que eu vou estar a gastar aquele valor – se gastar menos e ainda instalar novos equipamentos não tenho nada a perder. E a ideia foi exatamente essa. Foi um programa que fizemos em parceria com a Confederação da Indústria e que já levámos para Espanha. Isto é um programa que se justifica mais para PME já de alguma dimensão e empresas maiores consumidoras. Para as que consomem menos, temos ofertas muito concretas organizadas por setores – indústria, agricultura, comércio e serviços, alojamento e restauração – e trabalhamos com elas para encontrar as tecnologias que ajudem a reduzir consumos. Quais as tecnologias que mais precisam de ser substituídas? A iluminação, claramente. Depois temos uma tecnologia que permite adaptar o consumo do motor à sua utilização e faz baixar, de forma muito significativa, os consumos. Mas, por exemplo, uma das coisas que nem sempre se pensa é simplesmente olhar para o consumo, perceber onde é que se gasta. A EDP desafia as empresas a apostar também no autoconsumo. Há empresas em que esse poten- cial é maior. Uma empresa que trabalhe sete dias por semana tem um potencial maior do que a que trabalha cinco – nos outros dias, tem lá o equipamento, está a produzir mas não está a utilizar aquela energia. Uma que tenha uma concentração de consumo no período solar aproveita melhor a produção do que uma que tenha um consumo perfeitamente estável 24 horas por dia. É uma área de futuro? Toda a evolução no sentido distribuído é claramente uma área futura. Por agora, só queremos saber que a energia está lá, ligamos o interruptor e ela começa a funcionar. No futuro, quando a nossa casa tiver painéis, armazenamento, vamos preocupar- nos muito mais com o funcionamento da energia dentro da nossa casa. Um ponto que vai ser muito interessante, e no qual a EDP está a investir, é a gestão da energia na casa do cliente. A EDP está a inovar a um ritmo superior à média da Europa? Portugal soube tomar decisões prudentes e sustentáveis de um ponto de vista económico e escolher as tecnologias de carácter renovável quando elas estão na fase adequada para fazer o investimento. Por exemplo, a eólica em Portugal tem o custo mais barato de toda a Europa. A solar é das mais baratas. Portanto, acho que estamos a fazer as coisas bem. A EDP tem uma série de iniciativas neste novo mundo que... não queremos dizer se estamos melhor ou pior, mas estamos bem. O número de profissionais especializados é suficiente? Um dos aspetos positivos da eficiência energética da geração distribuída é que precisa de muita mão- de- obra. É de facto uma dificuldade. As empresas, nomeadamente a EDP, estão a tentar criar um ecossistema que permita trazer profissionais que se especializam e que melhoram os seus conhecimentos técnicos para suportar esta economia e este tipo de serviços. Justificaria incentivar o ingresso em determinados cursos? O mais importante é dar visibilidade para que as pessoas tomem decisões informadas. Devemos investir em cursos médios, técnicos, porque há falta desses profissionais – e menos num conjunto de cursos em que o mercado estará mais folgado. E haverá emprego para eles? De uma forma geral, em todas as áreas técnicas vamos ter necessidade, nem que seja por pressão demográfica. Hoje temos 1,2 filhos por mulher. Devíamos ter, para ter uma reposição da população, 2,1. A forma de dizermos isto é: por cada 2,1 engenheiros que se reformam, nós temos 1,2; por cada 2,1 eletricistas que se reformam, nós temos 1,2. As necessidades vão evoluir num sentido cada vez mais técnico e virado ao exterior. A nossa economia não pode viver centrada e virada para o seu consumo interno. É importante haver informação de quais são as necessidades não só em Portugal mas que o mundo vai ter. Se fizermos isso, vai haver certamente emprego para essas pessoas. TRAINEES EDP › “O programa, dirigido para estagiários na EDP que passam por várias áreas no grupo, permite a uma pessoa recém- licenciada, mais do que conhecer uma empresa ou realidade, conhecer várias realidades e ter uma perspetiva ampla do setor e do próprio grupo – depois ficam numa área em que haja mais necessidade e faça sentido o perfil da pessoa. É uma experiência bastante positiva. A EDP Comercial tem uns tantos trainees e damo- nos por muito satisfeitos pela experiência. E as pessoas valorizam muito o programa.”