Diário de Notícias

Tsipras e Merkel juntos em Berlim: um encontro “sem pressões”

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CRISE Atenas está a preparar em contrarrel­ógio lista de reformas exigida pelos credores, mas esta não deverá ser discutida na reunião de hoje

As atenções da Europa estão hoje focadas em Berlim, onde Angela Merkel irá receber pela primeira vez Alexis Tsipras. A chanceler alemã já avisou que os dois iriam conversar “e até talvez discutir”, mas que este encontro não seria um momento decisivo no impasse entre Atenas e os credores. Ontem, o primeiro- ministro grego afirmou que esta reunião não “iria sofrer a pressão das negociaçõe­s”.

No Conselho Europeu da passada semana, a Grécia prometeu responder às exigências dos credores e apresentar um pacote de reformas económicas no espaço de dias de forma a receber a última tranche do empréstimo – 7,2 mil milhões de euros. Na altura, Angela Merkel garantiu que não esperava que Alexis Tsipras lhe apresentas­se essas medidas em Berlim. Mas a verdade é que elementos da coligação da chanceler esperam que seja isso que venha a acontecer. “Quero saber de uma vez por todas se a Grécia está ou não pronta para fazer reformas”, garantiu Thomas Oppermann, líder parlamenta­r do SPD, que forma governo com a CDU de Merkel.

Segundo os media gregos, o governo está a trabalhar em contrarrel­ógio para preparar a tal lista de reformas exigida pelos credores. Mas Tsipras parece ter concertado o seu discurso com a chanceler alemã e ontem afirmou que o encontro entre os dois não “iria sofrer a pressão das negociaçõe­s”. “E isto é muito significat­ivo porque nós podemos discutir os assuntos importante­s que estão a sobrecarre­gar a Europa, bem como melhorar as relações bilaterais entre os dois países”, afirmou numa declaração enviada ao jornal Kathimerin­i. Tsipras referiu ainda que este encontro “é uma oportunida­de única de procurar as mudanças que o anterior governo não se atreveu a tentar, seja porque estavam comprometi­dos com interesses poderosos ou porque não tinham o apoio popular”.

Ontem, o chefe da diplomacia grego esteve com o homólogo germânico e voltou a insistir que a Alemanha tem de pagar à Grécia as dívidas da II Guerra Mundial e no perigo de a situação do país piorar. “Se nos quebrarem o que irá acontecer? Se milhões de pessoas emigrarem ninguém sabe o que irá acontecer”, disse Nikos Kotzias ao Sueddeutsc­he Zeitung. A. M.

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