Leão de garras de fora chegou à goleada usando a eficácia
Dois penáltis ajudaram a compor uma noite em que o leão devolveu a derrota de Guimarães, a mãe de todas as polémicas em Alvalade
Sem jogar muito bem,
o Sporting goleou. Há dias assim em que
as coisas aparecem
MANUEL QUEI ROZ O Sporting conseguiu ontem uma vitória gorda sobre o Vitória de Guimarães, em Alvalade, por 4- 1 – há dois meses que a equipa de Marco Silva não marcava quatro golos num jogo ( 4- 2 ao Rio Ave). O jogo ficou decidido na primeira parte e os três pontos permitem aos leões tornarem o 3. º lugar seguro e ameaçar até o 2. º ( estão a seis pontos do FC Porto). Quem diria? Durante uma época passam- se muitas coisas e veremos se a terceira vitória seguida muda alguma coisa.
Se ao Sporting se tem apontado quase sempre falta de eficácia goleadora, ontem verificou- se exatamente o contrário: foi cada tiro, ca - da melro! E por isso ao intervalo a equipa de Marco Silva já tinha pago, de alguma forma, os 3- 0 da primeira volta, aquela que foi a primeira derrota da equipa nas provas nacionais e que desencadeou uma tempestade em Alvalade que nunca amainou totalmente até hoje.
O Vitória apareceu como conquistador, com apenas um médio- defensivo, com André André ao lado de Bouba Saré no 4x2x3x1. Começou por ter cantos, mas faltou- lhe capacidade na frente. Sami e Tomané continuam em meias- tintas, não conseguem mostrar atributos que façam deles indiscutíveis. E, por isso, o ataque foi inconsequente a maior parte das vezes.
João Mário marcou de cabeça ainda antes do quarto de hora, em resposta um a centro de Carrillo, mostrando todas as limitações de uma defesa órfã dos que eram os seus pilares ( João Afonso e Breno, que também não recuperou). Os erros nas saídas de bola de trás foram muitos. Também porque os leões foram capazes de alguma pressão alta, pouco intensa mas eficaz. O segundo golo acabou com as dúvidas, a seguir à meia hora, num lance que vale a pena contar: Migue Lopes sacou um grande tiro de fora da área à barra; na primeira recarga João Mário atirou fortíssimo e Douglas conseguiu grande defesa; na segunda Nani atirou contra o cotovelo de Josué e o árbitro Jorge Sousa deu grande penalidade. Duvidoso, porque Nani atirou de muito perto e porque Josué não alargou o corpo com o braço. Adrien marcou competentemente o 2- 0.
O terceiro golo foi de Slimani, de cabeça, ao segundo poste, depois de Miguel Lopes ter acabado ( em corrida) com Bruno Gaspar – que saiu ao intervalo para entrar um avançado, Ricardo Valente. Alex recuou para defesa- esquerdo. Rui Vitória arriscava.
Sem nunca jogar muito bem, o Sporting construiu uma goleada. Há dias assim, em que as coisas aparecem. Houve um segundo penálti – também duvidoso – de Plange sobre Carlos Mané, que Nani transformou bem. E o Vitória mostrou outra vez que os arranjos nas laterais ( Plange também é uma adaptação) não correram bem.
Até porque a equipa minhota conseguiu ter algum volume de jogo na segunda parte e boas oportunidades de golos, por Bernard e Gui ( Rui Patrício tirou a bola a pontapé qual guarda- redes de andebol), antes de o marcador se avolumar. Porém, como quase sempre nos últimos anos, este Vitória esteve melhor na primeira volta e não foram só as saídas de Inverno que baixaram o valor da equipa. Falta frescura e alguma organização.
Jorge Sousa teve uma tarde estranha. Nas grandes penalidades, tomou decisões que são discutíveis mas, apesar de tudo, aceitáveis. Mas expulsar Paulo Oliveira numa falta corriqueira ainda que perto da área não se percebe nem se aceita. Dessa falta nasceu o golo de honra vitoriano, estranho, por Kanu. Mais uma vez Rui Patrício não esteve propriamente no máximo. Passa- se alguma coisa com o guarda- redes da seleção nacional?