Diário de Notícias

Recorde da Europa para Mo Farah no dia em que 35 mil foram atletas

Campeão olímpico de 5000 e 10 000 metros foi a grande figura, mas Sara Moreira também merece palmas

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A NDRÉ C RUZ MARTI NS No dia em que quase 35 mil pessoas saíram à rua para correr por Lisboa, mostrando a febre do running que se vive no nosso país, o britânico Mo Farah não deixou os seus créditos por mãos alheias e, além de ter sido o grande vencedor da 25. ª edição da Meia- Maratona de Lisboa, bateu o recorde da Europa, com o tempo de 59.32 minutos, que estava na posse do espanhol Fabian Roncero e datava de 2001, com o registo de 59.52 .

O feito soube a pouco para o campeão olímpico de 5000 e 10 000 metros, apesar de na antevisão da corrida ter posto um travão no objetivo de bater o recorde do mundo. Intenção que já estabelece­u para a edição da prova lisboeta de 2016 ( sim, ele promete voltar!) e, então sim, bater a marca de 58.23 minutos, na posse de Zersenay Tadese, da Eritreia, curiosamen­te obtida em Lisboa, em 2011.

Ontem, Mo Farah chegou a estar longe dos lugares da frente, mas “arrancou” para uma ponta final em grande estilo, impondo- se ao segundo classifica­do, o queniano Micah Cogo, por apenas um segundo. Curiosamen­te, mal cortou a meta, Mo Forah “estatelou- se” no meio da estrada, mas o mais importante já estava feito. “Quero agradecer ao Carlos [ Móia, presidente do Maratona Clube de Portugal] pela forma como me recebeu nesta semana que estive em Lisboa. E quero sublinhar o inacreditá­vel apoio que o público me prestou ao longo do percurso, gritando ‘ Go Mo, go Mo’ o tempo todo! Até parecia que estava a correr em Inglaterra!”, confessa.

Farah, que hoje completa 32 anos, revelou que no início da prova se sentiu um pouco cansado, destacando “o importante papel das lebres” na sua vitória. “Nas declaraçõe­s antes da corrida não quis revelar qual era a minha tática, mas posso dizer que o que aconteceu não foi o que tinha planeado. Ainda bem que o plano B resultou!”, atirou, sublinhand­o que vai continuar a apostar em meias- maratonas, começando a pensar em maratonas depois dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016.

A fechar o pódio ficou Stephen Kibet, também do Quénia, mas já bem distante, com 59,58 segundos. O melhor português foi o benfiquist­a Ricardo Ribas, 14. º classifica­do, com 1.04,23. Sara em segundo e com recorde A ausência de alguns nomes sonantes do atletismo mundial – explicada pela realização, no próximo fim de semana, do Campeonato do Mundo de corta- mato – não retirou brilho à prova de ontem e até o tempo ajudou, com a ameaça de chuva a não se concretiza­r. E para gáudio dos milhares de pessoas que acompanhar­am o percurso dos atletas, houve uma classifica­ção de relevo para uma atleta portuguesa, já que Sara Moreira, do Sporting, terminou na segunda posição, com um recorde pessoal de 1.09,18, ficando bem perto da ven- cedora, Rose Chelimo ( Quénia), que fez 1.08,22. “O objetivo não passava pelo lugar, mas sim pela marca. Felizmente, tudo correu bem e bati o meu recorde pessoal. Juntando a isso o facto de ter ficado na segunda posição na comemoraçã­o dos 25 anos da prova... foi espetacula­r”, confessou.

No horizonte de Sara Moreira está a Maratona de Londres. “Ainda faltam cinco semanas e há muito treino pela frente. Quero preparar- me bem, mas não entrar em exage- ros, pois será apenas a minha segunda maratona”, lembra, depois de, em novembro, ter alcançado um fantástico terceiro lugar na estreia, na Maratona de Nova Iorque.

Outra portuguesa em destaque foi a benfiquist­a Dulce Félix, ao terminar no quinto lugar, com a marca de 1.10,27. De resto, as duas representa­ntes lusas foram as únicas europeias a terminar no top 10.

A única nota negativa da prova foi a morte de um cidadão alemão, por causas cardíacas. O sonho misterioso de Vanessa A campeoníss­ima triatleta Vanessa Fernandes foi uma das figuras que participar­am na Meia- Maratona de Lisboa. Longe dos seus melhores tempos, conseguiu ainda assim ser a 13. ª melhor mulher e terceira portuguesa, com 1.14,21, confessand­o ao DN que não tinha em mente alcançar um resultado de relevo. “Não vim com o objetivo de fazer um bom tempo e nesta altura fico satisfeita com qualquer marca. Este foi apenas mais um passo para os meus objetivos. Quais são? Não estou comprometi­da com nada, embora tenha obviamente sonhos, que vão ficar comigo”, frisou. Uma imagem panorâmica da Ponte 25 de Abril, com os 35 mil atletas e não atletas em cima do tabuleiro. Em baixo, a festa de Mo Farah depois de cruzar a meta, um momento emotivo após o final, e Sara Moreira, a segunda classifica­da nas senhoras e melhor portuguesa

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