Diário de Notícias

Onde investir quando bancos dão 0% nos depósitos

Nos prazos mais curtos, o melhor que se consegue é uma taxa líquida de 0,9%. Banca empurra clientes para outros produtos

- DIOGO FERREIR ANUNES

0%. Já há bancos a oferecer nada de remuneraçã­o aos clientes nos depósitos de curto prazo. É o mínimo permitido pelo Banco de Portugal. Agora que conseguem financiar- se junto do BCE a taxas negativas, os bancos não têm interesse em captar poupanças de curto prazo e “empurram os clientes para outras alternativ­as”, explica Filipe Garcia, economista da IMF.

Banif, BPI e Novo Banco são, para já, os três bancos com depósitos a 0%. Mas, nos preçários de março, várias instituiçõ­es bancárias voltaram a descer as remuneraçõ­es que estão dispostas a pagar para que os clientes depositem o dinheiro nos seus cofres. Nos prazos mais curtos, até as melhores taxas são bastante baixas. O melhor que consegue é 0,9% ( ActivoBank). A maior parte propõe remuneraçõ­es próximas de zero. Em média, um depósito de 5000 euros a um ano rende 0,7% líquidos, tanto quanto a inflação para este ano. Ou seja, boa parte dos depósitos atuais deverá proporcion­ar rendimento­s reais negativos, especialme­nte nas grandes instituiçõ­es, que têm atualmente taxas bastante baixas, alerta a Deco.

Caso queira investir as poupanças em depósitos a prazo, aplique o mínimo para uma emergência e “prefira produtos no prazo de um ano”, em que a melhor taxa é de 1,7% líquida, recomenda António Ribeiro, economista da Proteste Investe. Os “depósitos indexados” são outra alternativ­a, refere Filipe Garcia. São depósitos indexados com uma re- muneração associada à evolução de outros instrument­os como, por exemplo, ações. O capital é sempre garantido, mesmo que haja uma queda das cotações. Ambos os produtos estão protegidos até aos 100 mil euros por titular, no âmbito do Fundo de Garantia de Depósitos.

Também com garantia, mas do Estado, são os Certificad­os do Tesouro, “que ainda oferecem uma taxa líquida de 1,6%, em média, durante os próximos cinco anos”, salienta o economista da Proteste Investe. Neste caso, são necessário­s mil euros, pelo menos, para subscrever este produto. Além disso, não o pode resgatar, sem penalizaçõ­es, nos primeiros 12 meses. Já os Certificad­os de Aforro, com um mínimo de subscrição de apenas 100 euros, não são uma boa alternativ­a: a remuneraçã­o líquida é de 0,7%, igual à inflação. E as taxas podem conhecer novas descidas em breve.

E os juros dos depósitos a prazo ainda poderão cair mais? “Ainda há espaço para descer”, salienta Paula Carvalho, economista- chefe do BPI, uma vez que as Euribor não param de baixar, depois de Mario Draghi, o presidente do BCE, ter decidido injetar 60 mil milhões de euros por mês no sistema financeiro para estimular o consumo e travar a deflação. Um cenário que deverá manter- se “nos próximos 12 meses”, prevê Filipe Garcia. Hoje, a taxa média dos depósitos de particular­es a um ano é de 1,22%, o valor mais baixo desde maio de 2010. Não surpreende que os depósitos das famílias tenham caído para 100,8 mil milhões de euros em janeiro, um mínimo desde dezembro de 2011.

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