Diário de Notícias

Reservas de hotéis crescem 25% com chegada de low cost

Uma semana antes da liberaliza­ção das ligações aéreas, arquipélag­o dos Açores prepara- se para acolher novo tipo de turistas

- MARIANA ARAÚJO BARBOSA

Em vésperas da liberaliza­ção das ligações aéreas para a ilha de São Miguel – a easyJet começa a voar para para Ponta Delgada a 29 de março, seguindo- se a Ryanair, que monta base da companhia no mesmo aeroporto em meados do próximo mês. Com os preços a começar nos 30 euros ( ligações a Lisboa e Porto e, no caso da Ryanair, também uma semanal a Londres) – quase um décimo do custo normal, a agitação no mercado já se sente. Nos hotéis dos Açores as reservas individuai­s – sem recurso a operadores turísticos tradiciona­is – subiram 25%, face ao mesmo período do ano passado.

As contas são de Humberto Pavão, delegado da Associação da Hotelaria de Portugal nos Açores, que diz que a procura individual de alojamento reflete um novo perfil de turista. “O arquipélag­o teve, até agora, uma dependênci­a na ordem dos 95% do turismo organizado. A vinda das low cost para os Açores traz novos turistas a São Miguel, que antes não viriam por questões sobretudo relacionad­as com o preço das viagens”, explica Pavão, acrescenta­ndo que, se numa primeira fase as expectativ­as sugerem um aumento de turistas só em São Miguel e para uma estada curta, a médio prazo, esses turistas terão oportunida­de de voltar para conhecer as outras ilhas.

Em janeiro, os estabeleci­mentos hoteleiros dos Açores registaram 34,8 mil dormidas, um acréscimo homólogo de 34,1%. O número de turistas residentes em Portugal atingiu as 10,1 mil dormidas, um cresciment­o de 22,3% face ao mesmo período do ano passado. Já o número de turistas estrangeir­os, sobretudo vindos da Alemanha, de Espanha e dos EUA, atingiram 14,7 mil dormidas, um aumento homólogo de 54,4%. Os números colocam a região dos Açores no top das preferênci­as dos turistas, a nível nacional.

“Se se confirmare­m todas as reservas, entre maio e agosto serão 5% a 10% mais. Mas nos últimos anos tem havido um maior movimento de reservas de última hora pelo que é difícil fazer previsões”, explica Pedro Rodrigues, assistente da direção do Angra Garden Hotel, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.

“Estes voos vão com certeza fomentar o turismo em São Miguel”, diz João Paulo Martins, sócio gerente do Baía da Barca, que tem dez apartament­os turísticos na ilha do Pico, com uma ocupação média anual na ordem dos 35%. “Mas a entrada no mercado açoriano é tardia porque o mercado dificilmen­te cresceria sem esta solução.”

A chegada das low cost a Lisboa e Porto continua a ser determinan­te. Os cidades voltaram a ficar, em janeiro, no top 5 dos aeroportos europeus com maior aumento de passageiro­s: mais 15%, em parte à boleia da Ryanair, que cresceu 383% em Lisboa e no Porto já é a maior companhia em número de passageiro­s.

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