Diário de Notícias

MP ainda não quer ouvir explicaçõe­s de Macedo

O Parlamento chumbou o pedido de levantamen­to de imunidade, solicitado pelo ex- ministro da Administra­ção Interna

- VALENTINA MARCELINO

IMUNIDADE O ex- ministro da Administra­ção Interna vai ter de continuar, pacienteme­nte, à espera que o Ministério Público ( MP) queira ouvir os seus esclarecim­entos sobre a sua atuação nos vistos gold. Até ontem, pelo menos, mantinha- se como suspeito de alegado crime de prevaricaç­ão, mas o MP não tinha tomado nenhuma iniciativa para notificar Miguel Macedo. “Não houve nenhuma alteração”, respondeu ao DN a porta- voz oficial da Procurador­ia- Geral da República.

O facto de não ter sido constituíd­o arguido ou testemunha foi, aliás, a razão central para o chumbo, ontem, na comissão parlamenta­r de ética, do pedido de levantamen­to de imunidade que Miguel Macedo tinha dirigido à presidente da Assembleia da República. Por unanimidad­e, os partidos recusaram a pretensão, invocando o estatuto dos deputados que só permite a suspensão dessa proteção, a pedido do magistrado judicial.

“O estatuto dos deputados não prevê uma situação destas, trata- se de uma proteção institucio­nal e não pode um deputado, sem ser arguido ou testemunha, prescindir da mesma”, disse ao DN Pedro Lynce, presidente da comissão. Miguel Macedo reagiu assinaland­o que tinha feito o que a sua “consciênci­a” lhe “ditara”.

O deputado do PSD, que se demitiu do governo em novembro passado, na sequência da Operação Labirinto, viu o seu ministério ser alvo de buscas e detidos o seu diretor do Serviço de Estrangeir­os e Fronteiras ( SEF), Manuel Palos, e os seus amigos António Figueiredo, presidente do IRN, e Jaime Gomes.

De acordo com o acórdão do Tribunal da Relação, citado pelo jornal i, nas suas investigaç­ões, o MP e a PJ recolheram indícios que os levam a suspeitar que o ex- ministro terá cometido o crime de prevaricaç­ão, favorecend­o, através do diretor do SEF, os negócios de António Figueiredo e Jaime Gomes. Um dos casos terá que ver com a nomeação – que não se chegou a concretiza­r – de um oficial de ligação na China, origem da maioria dos pedidos de vistos dourados. Outro, segundo ainda as alegações do MP, relaciona- se com a vinda a Portugal de feridos de guerra líbios, para tratamento em hospitais privados, processo em que Jaime Gomes esteve envolvido.

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