Diário de Notícias

Três anos de exames revelam que alunos sabem menos

Estudo mostra que conhecimen­tos de alunos do 6. º ano, em especial de matemáti-ca, não melhoraram desde que há provas

- PEDRO SOUSA TAVARES

A introdução de provas finais nos 1. ºe 2. º ciclos – em substituiç­ão das provas de aferição que não contavam para a nota – foi uma das bandeiras do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, que defendeu que a maior “exigência” sobre os estudantes seria a melhor aliada dos mais desfavorec­idos, contribuin­do para a melhoria global dos resultados. Mas os dados relativos a três anos de provas do 2. º ciclo ( 6. º ano), divulgados pelo Instituto de Avaliação Educaciona­l ( IAVE), apontam para a consequênc­ia oposta. Em particular nos co-nhecimento­s de matemática.

O Relatório Nacional 2010- 14 – Provas Finais dos 2. ºe 3. º Ciclos do Ensino Básico ainda não tem elementos relativos às provas finais do 4. º ano, criadas em 2013, porque segundo o IAVE dois anos não permitiria­m fazer uma comparação. Mas em relação às provas do 6. º ano ( 2. º ciclo), introduzid­as 2012, são cru zados os dados dos três anos de exames já realizados. E a análise, so bretudo em relação à matemática, está lon- ge de confirmar uma melhoria global dos conhecimen­tos.

Em relação a esta disciplina, são comparados os desempenho­s dos alunos do 2. º ciclo em sete temas distintos: resolver problemas envolvendo números racionais; medir áreas ou perímetros de figuras planas; medir volumes de sólidos; re conhecer propriedad­es dos triângulos; reconhecer propriedad­es de sólidos geométrico­s, álgebra e organizaçã­o e tratamento de dados. E em apenas duas destas – propriedad­es dos triângulos e dos sólidos geométrico­s – houve uma evolução favorável entre 2012 e 2014 na classifica­ção média dos alunos em relação à cotação total das perguntas.

As maiores flutuações, pela negativa, deram- se na resolução de problemas envolvendo números racionais, com uma quebra dos 59% para os 40%; e na medição de áreas ou perímetros de figuras planas, com um verdadeiro tombo dos 55% para os 38% na classifica­ção média.

Em relação ao Português, o cruzamento dos dados é mais complexo, porque não são feitas comparaçõe­s tão diretas. Por exemplo,

Na Matemática do 2. º ciclo apenas dois de sete tópicos evoluíram

no domínio da gramática, na área de classes de palavras e morfologia, são analisadas as prestações em conteúdos diferentes, como “identifica­r grau do adjetivo” ( 2012) e “identifica­r uma forma verbal no condiciona­l” ( 2014).

Ainda assim , ao DN, Hélder de Sousa, presidente do IAVE, admitiu que em nenhuma das disci - plinas é possível identifica­r um impacto positivo da introdução dest as provas. “Globalment­e, nas pro vas externas, o objetivo não está de facto a ser conseguido. Há algumas melhorias pontuais: no Portu- guês nota- se melhoria na parte da escrita e no domínio da ortografia”, ressalvou antes de reconhecer que “quer a Português quer a Matemática, as melhorias são muito incipiente­s”. O estudo, que inclui ainda uma análise das provas finais do 9. º ano – que já existiam, como exames nacionais, há muito mais tempo – constitui a primeira análise combinada de vários anos realizada pelo IAVE. O objetivo, explicou, vai para além dos habituais relatórios que “compilam resultados ano a ano”. O MEC não respondeu em tempo útil às questões do DN.

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