Presos os islamitas que planearam atacar o Vaticano
Dois ex- seguranças de Bin Laden entre os detidos. Inquérito iniciou- se em 2005
As autoridades italianas procederam ontem à detenção de nove paquistaneses e um afegão suspeitos de envolvimento na realização de atentados terroristas. A operação policial decorreu em vários pontos do Norte ao Sul do país, e os indivíduos teriam ligações à Al- Qaeda e alguns teriam integrado, no passado, a segurança de Osama bin Laden. Entre os alvos existe a “forte suspeita” de que, em 2010, estaria o Vaticano e o papa Bento XVI, apesar das evidências apontarem, principalmente, para ataques nos respetivos países de origem.
A convicção de entre os alvos islamitas estar o Vaticano resulta de escutas telefónicas em que se fala de “uma grande jihad em Itália” e de um possível alvo ser designado como “baba”, que poderia designar o papa, correspondendo aquele vocábulo a pessoa do sexo masculino e podendo designar uma função honorífica ou reverencial em alguns dialetos paquistaneses e afegãos.
As provas indiciam que o atentado deveria ter ocorrido há cinco anos e, segundo um procurador de Cagliari, cidade do Sul de Itália, envolvia o recurso a um bombista suicida, de origem paquistanesa, que chegou a viajar para Roma na época. O indivíduo acabaria por deixar a capital italiana, indicou aquele procurador, sem adiantar mais elementos.
A justiça italiana está convicta, em resultado de evidências recolhidas nas rusgas de ontem e em ante- riores escutas telefónicas, que os elementos detidos estiveram envolvidos, entre outros, num atentado num mercado da cidade paquistanesa de Peshawar, que fez mais de cem mortos em 2009. E ainda noutros ataques terroristas.
O porta- voz do Vaticano, Federico Lombardi, desvalorizou a notícia do possível ataque, sublinhando que se tratava de uma coisa “no passado” e “não deve haver motivos para preocupação”.
Além dos dez detidos de ontem, as autoridades emitiram mais oito mandados de captura, segundo os media italianos. Entre os presos encontram- se dois elementos que foram seguranças do fundador da Al- Qaeda, morto numa operação das forças especiais dos Estados Unidos na cidade paquistanesa de Abbottabad, a 2 de maio de 2011.
Ainda segundo o procurador de Cagliari, nas casas dos suspeitos foram encontradas diversas armas e a sua influência estender- se- ia a um mais vasto grupo. Os detidos estariam ainda envolvidos na recolha de fundos no Paquistão e Afeganistão e na organização de viagens para imigrantes ilegais a partir destes dois países.
A operação policial de ontem resultou de uma investigação de praticamente uma década, tendo sido iniciada em 2005. O referido procurador indicou que chegou a estar suspensa quando surgiram algumas fugas de informação para os media. Poderá ter sido em resultado deste desenvolvimento que o bombista- suicida paquistanês teria deixado em Itália.