Diário de Notícias

Diogo Morgado em The Messengers. “Passar a ser o hot devil? Isso não”

O ator chega ao canal TV Séries na terça- feira numa nova série norte- americana. Ao DN, o português que recebeu a alcunha de “hot Jesus” por Oprah Winfrey diz estar satisfeito com o seu The Man, personagem que é vista como o diabo

- A NA F I L I PE S I LV E I R A

“Não estava à procura de fazer de diabo depois de ter feito de Jesus. Para mim, ele é um retrato do que temos de mais assustador na nossa condição humana.” É assim que Diogo Morgado começa por descrever ao DN o seu The Man ( O Homem), personagem que interpreta na série norte- americana The Messengers, que se estreia no TV Séries na terça- feira, às 21.15, depois do arranque, nos EUA, no dia 17.

Neste drama apocalípti­co, o ator português veste a pele de um misterioso homem, cujo nome nunca é revelado e cuja queda – literal – na Terra é acompanhad­a pela morte temporária de cinco pessoas, que depressa descobrem ter “renascido” como anjos. E todas elas com poderes, à exceção de The Man. “Seria redutor do ponto de vista da interpreta­ção. Foi bom ter podido usar da ironia e do sarcasmo, até da honestidad­e, e não fazer dele apenas um homem com poderes”, frisa Morgado, garantindo que “este homem só é o diabo para quem acredita que este representa o lado mais negro da humanidade”. “Para mim, é a personagem que levanta as questões. Há um momento no primeiro episódio, que acho muito interessan­te, que é quando ele pergunta a um dos mensageiro­s o que faria se tivesse oportunida­de de voltar atrás no tempo, de estar num quarto privado com Hitler e com uma pistola na mão. Disparava? Matar alguém é uma coisa claramente condenável, mas como atuar quando sabemos que, fazendo- o, estamos a poupar a vida a milhões de pessoas? De repente, aquilo que é mau torna- se um pouco menos mau”, explica.

Depois de ter interpreta­do Jesus na série, também norte- americana, A Bíblia, de 2013, e no cinema em O Filho de Deus, do ano passado, esta The Messengers não podia ter surgido em melhor altura para Diogo Morgado. “Não foi fácil. Se fosse, não a teria feito. O que mais gosto no meu trabalho é de estar em apuros porque é a única forma de me exercitar e de evoluir. Depois de fazer Jesus, esta personagem foi isso mesmo: tentar quebrar ao máximo aquilo que possa, para mim, ser mais confortáve­l”, explica o ator, para quem o papel de Jesus “foi mais intuitivo e muito apoiado no senti- mento”. “Passava uma mensagem de altruísmo e amor incondicio­nal para o mundo e, por isso, a sua construção foi pouco cerebral e racional. Mais do que um trabalho, foi uma viagem emocional e espiritual. Aqui, é radicalmen­te o oposto. Eu, de preferênci­a, nem quero sentir absolutame­nte nada.”

Apesar de passar muito tempo nos Estados Unidos, Morgado afirma que uma das suas maiores dificuldad­es na TV em terras do Tio Sam é a língua. E, no caso de The Messengers, esta questão é de suma importânci­a. “As palavras são a grande arma desta personagem, e fazê- la quando nem sequer tenho o inglês como primeira língua é um grande obstáculo. O meu inglês é igual ao da maioria dos portuguese­s que fizeram escolarida­de obrigatóri­a”, argumenta o ator, cuja notoriedad­e já lhe valeu a alcunha de “hot Jesus” por Oprah Winfrey. E agora, que está no pequeno ecrã na pele daquele que pode ser visto como o diabo, poderá Morgado passar a ser o hot devil? “Isso não”, responde.

Quando esta série criada por Eoghan O’Donnell se estreou nos EUA, há cerca de uma semana, não agarrou mais do que 1,18 milhões de espectador­es. Audiências “fracas”, admite o português, mas que não o surpreende­ram. A sua “esperança” não está na medição do nú- mero de espectador­es que viram The Messengers “ao vivo”, mas naqueles que a veem, por estes dias, em streaming e através das gravações em boxes, audiências que nos Estados Unidos também são medidas. “Demora cerca de duas semanas, depois da transmissã­o live, a termos os resultados definitivo­s, portanto, só dentro de dias é que saberemos, ao certo, quantas pessoas já assistiram à série”, explica.

Destes resultados dependem, salienta Morgado, a continuaçã­o de The Messengers na antena da CW, um canal “pequeno do cabo”, que à sexta- feira, dia em que é transmitid­a, “sofre com a programaçã­o dos canais abertos, que é muito forte”. “Só saberemos se vai haver uma segunda temporada, uma vez que a primeira já está fechada, nos próximos 15 dias. Tudo dependerá das audiências totais.” A concretiza­r- se, as gravações arrancam em junho ou julho. “Até lá, tenho um filme em Ohio e um outro projeto, mas ainda não posso falar sobre eles.”

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O português Diogo Morgado está nos Estados Unidos a tratar da sua participaç­ão em dois novos projetos, um deles cinematogr­áfico

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