DiCaprio: de guerreiro ambiental a “hipócrita”
O ator, um acérrimo arrivista contra as alterações climáticas e mensageiro da paz da ONU, viajou seis vezes de jato privado
“Caiu a máscara”. “Hipócrita”. É desta forma que a imprensa internacional se refere a Leonardo DiCaprio, a mais recente vítima do ataque informático à Sony. Documentos divulgados pela WikiLeaks revelam que o ator, um acérrimo defensor do meio ambiente e ativista contra as alterações climáticas, viajou de jato privado entre Nova Iorque e Los Angeles seis vezes... no espaço de apenas seis semanas.
Nos e- mails que foram pirateados e tornados públicos é também revelado o valor das viagens da estrela de filmes como Titanic ou O Lobo de Wall Street. O custo total do transporte, realizado entre abril e maio do ano passado, foi de 200 mil dólares, aproximadamente 185 mil euros.
As despesas do dia 27 de abril de 2014 surgem de forma discriminada. Neste dia, o ator norte- americano gastou 63 mil dólares, cerca de 58 mil euros, na viagem, aos quais se somou ainda a quantia de 3000 dólares ( 2700 eu- ros) em catering e ainda 300 dólares ( 277 euros) em transfers. As viagens, note- se, realizaram- se para que DiCaprio pudesse participar numa reunião de trabalho, encontro esse que exigia a sua presença.
Na troca de e- mails consta ainda o valor que foi gasto em 31 de maio, dia em que DiCaprio regressou a Nova Iorque para mais um encontro. Nesta data foram desembolsados 37 mil dólares ( 34 mil euros) na viagem, 1500 dólares ( 1400 euros) em despesas de catering e 800 dólares ( cerca de 730 euros) em transfers.
A estrela de Hollywood, de 40 anos, fez estas viagens na companhia da manequim Toni Garrn, que na altura era sua namorada. Na lista de acompanhantes constam ainda outros quatro nomes: Irmelin DiCaprio, mãe do ator, e ainda Lukas Haas, Scott Bloom e Vincent Laresca, também atores e amigos de DiCaprio.
Este episódio é mais uma acha na fogueira que já tinha sido acesa anteriormente. No ano passado, o grupo ambiental Natural Resources Defense Council já tinha acu- sado Leonardo DiCaprio de ser “hipócrita” quando mostra publicamente a sua veia ambientalista ao mesmo tempo que viaja de jato e em iates, meios de transporte poluentes e com forte impacto ambiental.
Em 2013, re corde- s e, o at or anunciou em entrevista ao jornal alemão Bild que ia fazer uma “longa pausa” na sua carreira para “viajar para promover ações a favor do ambiente” e, desta forma, “melhorar um pouco o mundo”. Na entrevista chegou mesmo a enumerar algumas das suas técnicas para proteger o ambiente. “O meu telhado está coberto por painéis solares. O meu carro é elétrico. Uma pessoa normal não conduz mais do que 50 quilómetros por dia e isso pode ser feito com uma tomada”, disse na altura.
Ainda neste mês, DiCaprio anunciou que está a trabalhar na construção de um exclusivo complexo turístico numa ilha deserta do Belize, na América Central, projeto que pretende combinar a hotelaria com a ecologia e recuperar a natureza da área. “O principal objetivo é fazer algo que mude o mundo”, disse o ator norte- americano em entrevista publicada no jornal The New York Times, na qual também sublinhou que pretende criar algo “revolucionário no movimento ecologista”.
Não obstante esta polémica dos jatos que veio a público graças ao ataque informático à Sony, a verdade é que o trabalho do ator em prol do meio ambiente tem sido reconhecido. Em setembro do ano passado, DiCaprio participou na Cimeira do Clima, que teve lugar em Nova Iorque, e foi nomeado mensageiro da paz pelas Nações Unidas. Foi nessa altura que fez o seguinte discurso: “Estou convicto de que a humanidade tem encarado as alterações climáticas como se se tratasse de um filme de ficção, que está a acontecer num outro planeta. Como se fingir que o problema não é real pudesse, de alguma forma, fazer que este desaparecesse”, afirmou o ator na sede das Nações Unidas.
Tanto as viagens a jato de DiCaprio, a avaliar pelos documentos disponibilizados pela WikiLeaks, como a sua luta pelo meio ambiente não parecem ser ficção. Assim como a controvérsia...