Diário de Notícias

6 de maio: o dia em que Pep será o rival em Camp Nou

“Que bom, posso ver os avós”, reagiu a filha de Guardiola a um duelo de família que faz salivar o universo do futebol

- RUI FRIAS

Foram 14 títulos em quatro temporadas, entre eles duas Champions e três Ligas espanholas. Mas foi ainda muito mais do que os números impression­antes: foi uma ideia de jogo que revolucion­ou o futebol moderno, condensada numa expressão que passou a ser referência obrigatóri­a em qualquer léxico futebolíst­ico, um tiki- taka que lançou esse Barcelona para todas as discussões sobre a melhor equipa de futebol da história.

O legado de Guardiola em Camp Nou é incomensur­ável e nem se resume a esses quatro anos de glória em que idealizou, como técnico principal, o melhor Barcelona de sempre. Pep entrou em La Masía ( a casa da formação do Barça) com 13 anos, foi apanha bolas em Camp Nou, tornou- se a extensão do pensamento de Johan Cruyff em campo quando o holandês devolveu a grandeza ( e o bom futebol) aos blaugrana na década de 1990, enfim... Pep é o Barça e o Barça é Pep.

Por isso, 6 de maio será um dia estranho para ambos: Guardiola e o Barcelona. O dia em que a maior referência do barcelonis­mo atual volta a casa na pele de um rival, defendendo as cores de um Bayern de Munique para onde exportou o conceito futebolíst­ico produzido no laboratóri­o catalão e que o sorteio das meias- finais da Liga dos Campeões cruzou no caminho do Barça agora treinado pelo seu ex- colega e amigo Luís Enrique.

Era algo inevitável, mais cedo ou mais tarde, este reencontro. Uma possibilid­ade real desde que Pep assumiu as rédeas de um Bayern que frequenta habitualme­nte os mesmos palcos ( alturas decisivas da Champions) do que o Barcelona. E pela qual o universo futebolíst­ico suspirava desde então. Dá- se agora, numa altura em que o Barça vive curiosamen­te o seu melhor período pós- Guardiola e surge de novo como principal favorito das casas de apostas para o título europeu.

“A minha filha está muito contente porque vai poder ver os avós”, reagiu o atual treinador do Bayern, consciente de que as teias familiares deste duelo têm um significad­o futebolíst­ico muito mais profundo. “Não preciso de dizer o quão especial é para mim. É Barcelona, é a minha casa. Se estou aqui é porque estive no Barça. Foi uma vida lá”, referiu, distribuin­do elogios. Primeiro para Luís Enrique: “Estou muito ogulhoso do trabalho que está a fazer.” Depois para Messi, que ajudou a transforma­r no melhor do mundo em todos os anos em que o treinou: “Desfrutei dele muito tempo, agora vai- me fazer sofrer.”

Também em Barcelona o regresso de Guardiola suscita sentimento­s especiais, naturalmen­te. “Sei que é um duelo que vos [ media] excita, é uma eliminatór­ia especial. O Bayern aspira ao mesmo que nós e tem o melhor treinador. Pelo que representa para o futebol, pelo que já fez e ganhou, Pep é o melhor. Além de tudo é meu amigo e eu penso sempre que os meus amigos são os melhores”, reagiu Luís Enrique.

O reencontro entre Barça e Guardiola consegue deixar para segundo plano a reedição de um velho clássico do futebol europeu, entre o atual campeão Real Madrid e uma Juventus que há 12 anos não frequentav­a as meias- finais da Champions.

Na Liga Europa, Dnipro e Sevilha [ atual detentor do troféu] têm a missão de impedir uma final italiana.

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“Se jogarmos como no Porto vamos ser eliminados”
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futebol, Pep é o melhor”
“Pelo que representa para o futebol, Pep é o melhor”

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