VOLVO OCEAN RACE: A BATALHA FAZ- SE NO MAR E NA SECRETARIA
Três equipas foram penalizadas na pontuação por infrações cometidas à saída de Newport, nos Estados Unidos da América. Abu Dhabi reforça liderança
O Abu Dhabi reforçou ligeiramente a liderança na regata depois de aplicadas penalizações a três barcos concorrentes Mal- estar na regata de volta ao mundo. Um júri internacional reunido ontem na Doca de Pedrouços penalizou três equipas por infrações supostamente cometidas à saída de Newport, no início da etapa que trouxe a frota para Lisboa.
Essas penalizações – que atingiram o Dong f eng, o Mapfre e o Team SCA – provocaram duas alterações na classificação geral: o Dong feng era segundo e passou para terceiro; o Mapfre era quarto e passou para quinto. O Abu Dhabi – de quem partiu o primeiro protesto – reforçou ligeiramente a sua liderança.
A equipa Mapfre f ez avançar para Lisboa um advogado, Luis Sáenz de Mariscal, e produziu um comunicado onde denunciou que um quarto barco ( o Brunel) cometeu, sem ter nenhuma penalização, a mesma infração pela qual os outros três foram sancionados.
Afirma por outro lado que a sua pena foi injusta face ao Dongfeng. E concluiu – como aliás o Dongfeng também fez – que as regras da VOR não são claras.
O que esteve em causa foi o facto de as três equipas terem, à saída de Newport, entrado numa zona de exclusão estabelecida para evi- tar cruzamentos entre a frota e o tráfego marítimo pesado. O júri, presidido pelo francês Bernard Bonneau, penalizou o Mapfre e o Dongfeng com um ponto cada um; e o Team SCA com dois ( porque a equipa feminina, além de ter entrado na zona de exclusão, também velejou num sentido contrário ao definido).
Assim o Donfgeng ficou empatado em pontos com o Brunel ( 22 pontos) mas como estes têm melhor de- sempenho nas regatas costeiras – cuja classificação serve exclusivamente para desempatar –, oficialmente estão em segundo lugar.
O mesmo se passou com o Mapfre. Passou a estar empatado com o Alvimedica, mas, como estes têm melhor score nas regatas costeiras, estão oficialmente à f rente ( 4. º l ugar na geral). Um dos argumentos do advogado da Mapfre é que o Dongfeng cometeu a sua infração de forma mais prolongada no tempo – e portanto de- veria ter tido uma penalização superior.
Esta é a segunda penalização que o barco espanhol sofre por violação de regulamentos náuticos. A outra, de dois pontos, foi por não ter comunicado à organização, na etapa entre Auckland ( Nova Zelândia) e Itajaí ( Brasil), que fizera reparações a bordo.
Cada equipa recebe em cada etapa o número de pontos igual à posição em que fica ( um ponto para o 1. º , dois pontos para o 2. º , etc.).
O Team SCA não reagiu – o que não espanta. Está tão atrasado na classificação geral, que receber mais pontos é indiferente. A batalha da única equipa exclusivamente feminina da VOR é provar que conseguem até ao fim vencer uma etapa oceânica ( faltam duas) e vencer na classificação das regatas costeiras ( vão em 3. º lugar e foram até agora a única equipa que conseguiu vencer duas).
Para o Dongfeng, do skipper francês Charles Caudrelier, este é mais um revés. Quando chegou aos Estados Unidos mantinha a ambição da vitória final mas agora luta para ver se não fica em terceiro.
Caudrelier colocou no site da equipa um t exto de motivação: “Tudo pode ainda acontecer ao Abu Dhabi nas próximas duas etapas. Não perdemos a vontade de os vencer. É claro que agora o Brunel também se colocou na fotografia, o que provavelmente até tornará a vida tão complicada para nós como para o Abu Dhabi: quem vai cobrir quem?”
A equipa Mapfre fez avançar, de imediato, um advogado para Lisboa