Diário de Notícias

Linhas sim, programa não

- Statu quo

EANTÓNIO COSTA PINTO sta pré- campanha eleitoral parecia ter pequenas inovações na forma e no conteúdo. Como é natural após anos de austeridad­e e com o desafio de “aguentar” no euro, os programas eleitorais quer do PS quer da coligação PSD- PP têm pelo menos um ponto em comum: partir de projeções da União Europeia mantendo o objetivo estratégic­o de cresciment­o económico no quadro do

atual da União Europeia. Ainda que a tentativa de acentuar a prudência de uns e o “regresso ao passado” de outros seja natural, estas “linhas de orientação” para o programa eleitoral da coligação PSD- PP não avançam muito nem na forma ( um conjunto de generalida­des, de elogio da governação passada) nem, para já, no conteúdo ( continuar o que ficou por fazer, mais medidas previstas no programa de estabilida­de entregues em Bruxelas). Verdade seja dita: perante algumas propostas do PS e sobretudo do seu grupo de economista­s, os que pensavam que o debate pré- eleitoral iria ser mais inovador enganaram- se. As habituais freses sem conteúdo, como manter a “universali­dade do Serviço Nacional de Saúde, educação e Segurança Social”, abundam. Passaram agora a “garantias”, mas algum governante do PSD, CDS ou do PS nos pode “garantir” que com ele “Portugal não voltará a depender de intervençõ­es externas e não terá défices excessivos”? A classe média pelo menos só mesmo se não tiver memória é que acredita. É claro que aqui e ali temos os temas habituais da demografia , criando um “ambiente” novo para o aumento da natalidade, ou da educação e inovação, mais pré- escolar, descentral­izada e empresaria­l, ou do cresciment­o sem “endividame­nto” das famílias. Esperemos pelo programa de junho. Para já vamos ficar com o habitual discurso da nossa classe governante. Sem grande novidade, mas pelo menos já familiar aos portuguese­s. Os “homens das campanhas” vão entrar em cena e eles sabem como se ganham ( e perdem) campanhas eleitorais. Às vezes o que se fez é mais importante do que o que se fará e o que se diz é mais importante do que o que se escreve. E assim andaremos, entre “garantias” e “rigor”.

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