Diário de Notícias

Cobertura eleitoral adiada para ouvir os media

Legislação que PSD- CDS e PS querem alterar só vai a votos depois de um conjunto de audições. Sugestão dos socialista­s

- MIGUEL MARUJO

PARLAMENTO A pressa nem sempre é boa conselheir­a e talvez por isso os partidos com assento parlamenta­r decidiram ontem adiar, em sede de especialid­ade, a votação das propostas que alteram o projeto de lei da cobertura eleitoral pelos meios de comunicaçã­o social. O PS pôs em cima da mesa um requerimen­to, aprovado por todos, para serem ouvidas as entidades do setor.

O deputado social- democrata Carlos Abreu Amorim não deixou de alertar para a necessidad­e de acelerar o processo. Há uma “urgência e premência eleitoral”, apontou, recordando o facto de “o processo legislativ­o levar já quase um ano e quatro meses”.

O presidente da comissão parlamenta­r de assuntos constituci­onais, Fernando Negrão, tomou a iniciativa de sugerir a próxima terça- feira para as audições aos representa­ntes da Confederaç­ão Portuguesa dos Meios de Comunicaçã­o Social, da Plataforma de Media Privados, da Associação Portuguesa de Imprensa e do Sindicato dos Jornalista­s. A esta lista, Negrão juntou ainda nomes de alguns diretores de órgãos de comunicaçã­o social, nomeadamen­te da TVI, José Alberto Carvalho, Rádio Renascença, Graça Franco, e Visão, Pedro Camacho.

“O grupo parlamenta­r do PSD viabilizar­á os dois requerimen­tos. É fundamenta­l ouvir os intervenie­ntes e interessad­os nesta matér i a l egislativa”, defendeu Abreu Amorim. E chamou a atenção para a proximidad­e “de um ato e campanha eleitorais”, referindo- se às eleições legislativ­as de outubro.

Onde não houve consenso foi no período do debate, com o PS a ficar isolado na defesa da Entidade Reguladora para a Comunicaçã­o Social ( ERC) como o órgão que vai regular a atividade do período eleitoral ( até aqui tem sido a CNE a regular este exercício). Para o socialista Jorge Lacão, há um problema de eventual inconstitu­cionalidad­e em ser a Comissão Nacional de Eleições ( CNE) e não a ERC a garantir um tratamento não discrimina­tório das candidatur­as pelos diversos órgãos de comunicaçã­o social. PSD, CDS, PCP e BE invocaram a jurisprudê­ncia dos “últimos 20 ou 30 anos” em que foi a CNE a decidir sobre os protestos e as decisões relativas aos atos eleitorais.

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