Diário de Notícias

Há 46 mil desemprega­dos no Estado e autarquias

Há câmaras com mais contratos inserção do que trabalhado­res efetivos. Suplemento­s aguardam aprovação final

- LUCÍLIA TIAGO

FUNÇÃO PÚBLICA O número de desemprega­dos a trabalhar em organismos públicos através dos Contratos Emprego- Inserção ( CEI e CEI +) soma já 46 mil, três quartos dos quais estão na administra­ção local. Este número foi avançado ontem pelo secretário de Estado da Administra­ção Pública, durante uma audição no Parlamento. Os dirigentes sindicais denunciam que há autarquias em que o número destes trabalhado­res é superior aos do quadro de pessoal. Apesar disso, Leite Martins referiu que a utilização deste instrument­o “está em retração”.

O recurso a este programa ocupaciona­l ( promovido pelo IEFP) para a realização de tarefas em organismos públicos tem sido denunciado pela oposição e sindicatos e foi já alvo de uma queixa junto do provedor de Justiça. Através dos CEI, os desemprega­do e beneficiár­ios do rendimento social de inserção podem ser colocados num serviço público por um máximo de 12 meses recebendo uma subvenção mensal de 419,22 euros ou 84 euros caso se encontrem ainda a receber subsídio de desemprego.

O maior recurso por parte das autarquias não surpreende os dirigentes sindicais. “Foi a forma que encontrara­m para contornar as limitações à contrataçã­o que lhes têm sido impostas”, observou ao Dinheiro Vivo José Correia, do Sindicato dos Trabalhado­res da Administra­ção Local ( STAL). Este sindicalis­ta refere ainda que há municípios onde o número de desemprega­dos a desempenha­r funções através dos CEI é superior ao número de trabalhado­res efetivos. José Abraão, do Sintap acrescenta, por seu lado, que esta medida permite “contratar mão- de- obra barata”.

José Leite Martins avançou ainda que 154 dos 614 funcionári­os do Instituto de Segurança Social que entraram para a requalific­ação em janeiro já foram recolocado­s em função e que foi dada prioridade aos cerca de 150 admitidos depois de 2009 e que correm o risco de ficar no desemprego se permanecer­em mais de 12 meses em requalific­ação.

Em relação aos suplemento­s, o secretário de Estado afirmou que o processo está em fase adiantada, mas que não há ainda uma decisão política final, não garantindo que o processo de revisão avance nesta legislatur­a.

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