Avião a energia solar interrompe volta ao mundo para reparações
Depois de ter sido obrigado a fazer uma aterragem não programada no Japão, o aparelho ficou danificado já em terra
O Solar Impulse 2, avião movido a energia solar que está a tentar concluir uma volta ao mundo, vai ficar em terra durante pelo menos sete dias, confirmou no Twitter André Borschberg, um dos dois criadores e pilotos do aparelho: “Pequena avaria num dos ailerons do Solar Impulse que vai precisar de pelo menos uma semana para reparar mas não é nada de sério”, escreveu.
O avião tinha descolado de Nanjing, na China, na passada segunda- feira, tendo como destino o Havai, num troço de 8200 quilómetros que lhe permitiria concluir a sétima etapa do seu percurso. No entanto, uma frente fria obrigou a equipa a desviar a rota para Nagoya, no Japão.
Borschberg – que alterna os comandos do aparelho, apenas com um lugar, com o parceiro Bertrand Piccard – fez uma aterragem sem incidentes no aeródromo de Nagoya. No entanto, o equipamento especial usado para proteger as asas de 72 metros de envergadura não estava disponível e o avião aca- bou por ser preso por cordas, o que não bastou para o proteger das condições difíceis que também se faziam sentir em terra.
Apesar destes contratempos, continua em alta o moral dos dois suíços, meio aventureiros meio ativistas do uso das energias renová- veis, que começaram a sua jornada em março deste ano, através de uma ligação entre Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, e Muscat, em Omã.
A próxima etapa ligará então Nagoya ao Havai, seguindo- se um voo direto até Phoenix, no Arizona. Nos Estados Unidos, o avião fará mais duas ligações, entre Phoenix e o Midwest ( região centro- oeste) e entre o Midwest e Nova Iorque.
A etapa seguinte ligará a Big Apple a um destino ainda não especificado, que tanto poderá ser num dos países da Europa do Sul como no Norte de África. Em teoria, até poderá ser possível uma escala em Portugal, embora nada tenha sido dito a esse respeito. 17 mil células solares O Solar Impulse 2 é o segundo protótipo construído na Suíça, num desafio que para além do objetivo dos recordes serve também para sensibilizar os diferentes governos para a importância de se apostar cada vez mais em alternativas aos combustíveis fósseis.
É um modelo revolucionário, concebido para voar com o mínimo de consumo e desperdício de energia possível. As suas asas têm uma envergadura equivalente às de um Boeing 747 mas todo o avião pesa apenas 2300 quilos, o equivalente a um automóvel ligeiro.
Os seus quatro motores elétricos, de 17,5 cavalos cada um, são alimentados por 17 mil células solares incorporadas nas asas, com 633 quilos de baterias de lítio recarregáveis que lhe permitem acumular a energia recolhida do sol e voar durante a noite.
O antecessor, o Solar Impulse 1, era ainda menos convencional nas suas dimensões, com uma envergadura de asas de 63,40 metros ( igual à do Airbus A340) e apenas 1600 quilos de peso.
Com esse aparelho, a dupla suíça estabeleceu vários marcos: primeiros voos internacionais europeus, nomeadamente entre Paris e Bruxelas, em maio de 2011; e primeiro voo entre continentes, ligando Payerne, na Suíça, a Ouarzazate, em Marrocos, com escalas em Madrid e Marraquexe, entre o final de maio e o mês de junho de 2012.
A atual missão do Solar Impulse 2 contempla um total de 13 etapas, com a última a ligar o tal destino mistério na Europa ou em África a Abu Dhabi, a cidade onde deu início à sua viagem no passado mês de março.