Diário de Notícias

Britânicos que querem ficar na UE: jovens, educados e de esquerda

55% dos inquiridos pelo Pew Research Center não querem sair da União Europeia. Mais nove pontos percentuai­s do que há dois anos. Cameron quer referendo até ao final de 2017

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O primeiro- ministro britânico, David Cameron, quer renegociar os termos da relação do Reino Unido com a União Europeia ( UE) e usa a promessa de referendo até ao final de 2017 sobre uma eventual saída do grupo dos 28 para pressionar os parceiros europeus. Mas, segundo um estudo do Pew Research Center, são cada vez mais os britânicos a querer continuar na UE.

Em 2013, quando Cameron prometeu pela primeira vez realizar a consulta popular, os eleitores britânicos estavam divididos sobre o tema, com 46% a dizerem que queriam ficar na UE e outros 46% a expressare­m o seu desejo de sair. Este ano, entre os 6028 inquiridos no Reino Unido, mais de metade ( 55%) dizem que querem continuar a fazer parte dos 28 ( mais cinco pontos percentuai­s do que em 2014). E apenas 36% defendem a saída do Reino Unido da UE. 9% dizem não saber.

São os mais jovens os mais favoráveis ao projeto europeu ( 69% a fa- vor na faixa etária dos 18 aos 29, contra apenas 48% nos maiores de 50 anos). Os que têm um diploma universitá­rio são os que defendem mais a continuaçã­o na UE ( 72%), em relação aos que não possuem estudos superiores, tal como os de esquerda em relação aos de direita ( 71% no primeiro caso contra 51%).

Segundo o mesmo estudo, 51% dos britânicos têm uma visão favorável da UE. Um valor mais baixo do que nos outros cinco países estudados – Polónia ( 72%), Itália ( 64%), Espanha ( 63%), Alemanha ( 58%) e França ( 55%).

Cameron deverá apresentar as propostas para a renegociaç­ão da relação com a UE no Conselho Europeu de 25 e 26 de junho. Ontem, na primeira sessão semanal de perguntas ao primeiromi­nistro desde as eleições de 7 de maio, o líder dos conservado­res não foi questionad­o sobre o referendo pelos deputados. Mas teve de responder a perguntas sobre o even- tual abandono da Convenção Europeia dos Direitos Humanos, numa tentativa de diminuir a influência do Tribunal de Estrasburg­o.

“O que queremos é que os juízes britânicos tomem decisões nos tribunais britânicos”, disse Cameron quando foi confrontad­o sobre o tema por um dos deputados do próprio partido, Andrew Mitchell. “Os nossos planos expressos no manifesto não envolvem a saída da Convenção Europeia, mas vamos ser claros. Se não pudermos alcançar o que queremos, não excluo nada para conseguir o que quero”, acrescento­u. A questão de Mitchel foi uma das poucas que teve uma resposta de Cameron, que muitas vezes respondeu com perguntas para evitar compromete­r- se. Harriet Harman, líder interina do Labour após a demissão de Ed Miliband, questionou o primeiro- ministro sobre de onde virá o suposto corte de 12 mil milhões de libras na Segurança So- cial. Cameron respondeu perguntand­o se ela apoiaria uma redução no valor máximo de benefícios que um contribuin­te pode usufruir.

Cat Smith, deputada do Labour que se estreia no Parlamento, perguntou sobre quando o Reino Unido vai recuperar a classifica­ção de crédito AAA. Depois de lhe dar as boas- vindas, o primeiro- ministro considerou que uma questão sobre responsabi­lidade fiscal era um sinal de progresso dos trabalhist­as e desafiou- a a concorrer à eleição para líder do Labour. “Numa pergunta, fez mais sentido que o resto deles todos juntos”, disse, sem responder.

A sessão de perguntas e respostas foi marcada pela primeira participaç­ão do Partido Nacionalis­ta Escocês ( SNP, na sigla em inglês), terceira formação em número de deputados no Parlamento britânico. Angus Robertson, líder parlamenta­r do SNP, questionou o primeiro- ministro sobre a crise de migração no Mediterrân­eo. Cameron defendeu quebrar o elo “entre entrar num barco e conseguir residência na Europa” como forma de travar a crise. ão contente com a construção de um palácio presidenci­al quatro vezes maior do que o de Versalhes, Erdogan resolveu inaugurar domingo passado em Istambul o maior alguma vez feito para uma campanha eleitoral. 4700 metros quadrados com as caras do presidente turco e do seu primeiro- ministro, Ahmed Davutoglu, devidament­e certificad­os pelo

e com uma frase plena de despojamen­to: “As pessoas são suficiente­s para nós.” Não duvidamos. Afinal, a quem serve um palácio com 1500 quartos se não for para lá acomodar os seus compatriot­as? Mas o que o megalómano

nos diz é que estas não são legislativ­as normais: são a grande campanha pelo poder de Erdogan, não fosse ele desdobrar- se em iniciativa­s a favor do AKP, violando a equidistân­cia e o recato que a Constituiç­ão lhe exige. Já sabemos que a lei não lhe enche as medidas, quer por centrar o sistema no Parlamento e no governo quer por carregar uma natureza constituin­te própria dos anos da junta militar ( 1980- 1983). Assim, o que importa é saber se Erdogan terá apoio de deputados do AKP para aprovar uma Constituiç­ão à sua medida ( precisa de 367); se a consegue levar a referendo ( precisa de 330); se a maioria simples do AKP obriga a coligações ( com os nacionalis­tas do MHP?); ou se, em último caso, adia a presidenci­alização formal do regime, apostando em eleições antecipada­s num

convenient­e. A única hipótese de inverter o absolutism­o constituci­onal é o HDP ter no mínimo 10%, indo buscar eleitorado curdo tradiciona­l ao AKP e liberais urbanos sensíveis à ampliação da sua agenda pós- curda. O HDP é a chave do futuro da Turquia. O seu falhanço pode incitar novas revoltas anti- AKP, reforçando o autoritari­smo do Estado. A sua entrada no Parlamento enfraquece Erdogan, promove uma cultura negocial e trava abusos de poder. Tudo o que a Turquia precisa.

Cameron não exclui deixar convenção europeia de direitos

humanos

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