Apesar da crise, são várias as chancelas criadas pelas editoras para investirem em nichos de mercado menos explorados. Aposta na qualidade é a estratégia de todas
Os visitantes da Feira do Livro de Lisboa não vão só encontrar livros novos, mas também novas editoras. Como é o caso da Elsinore, i naugurada mesmo durante os dias da f eira; a Manuscrito, que iniciou a edição já neste ano, e a Jacarandá, mesmo no fim do ano passado. Ou seja, em comum têm o facto de estarem pela primeira vez no grande momento da edição em Portugal.
Cada editora tem um objetivo diferente, apesar de nenhum dos três responsáveis deixar de afirmar que o primeiro critério que orienta as editoras é o da qualidade literária.
Vamos à Elsinore. O critér i o que reclama é, pois, o da qualidade literária: “Será o que irá determinar a publicação dos nossos livros neste primeiro ano, em que avançaremos com dez títulos”, diz Manuel de Freitas. A Manuscrito i rá “apostar em temas e autores portugueses, num catálogo generalista”, explica a editora Sofia Monteiro. Quanto à Jacarandá, Simona Cattabiani garante: “Temos uma grande variedade de edições. De ficção literária à mais comercial, não ficção, livros ilustrados com algum enfoque em cozinha e saúde e bem- estar. Para os mais novos, temos livros infantis e juvenis, dado que consideramos i mportante entusiasmar novos leitores.”
Estar presente na 85. ª edição da Feira do Livro de Lisboa foi “coincidência” para a Elsinore. Afinal, para o grupo em que está inserida, as vendas no certame apenas representam 1% do que fatura. Já a Manuscrito ponderou a presença na feira ao fim de poucos meses de vida como “forma de darmos a conhecer a chancela aos l eitores”. A Jacarandá também considera ser a melhor oportunidade para os leitores conhecerem a editora, além de que junta o útil ao agradável: “Haverá sítio melhor do que a sombra dos jacarandás [ o nome da editora] do Parque Eduardo VII?”
Mas se estas três editoras ainda têm pouco tempo de vida, projetos não l hes f altam. A Elsinore apresentou como cartão- de- visi- ta um inédito da escritora Pearl S. Buck, o romance Eterna Demanda, e do brasileiro João Gilberto Noll. Na calha estão já mais oito autores, entre os quais o espanhol Andrés Barba e o português Paulo Moura.
A Manuscrito inaugurou a edição com a emblemática escritora do romance histórico Isabel Stilwell, D. Teresa, bem como os livros de Manuel Arriaga, Reinventar a Democracia, e o de Ágata Roquette, Juntos Conseguimos.
Para a Jacarandá, após quatro importantes nomes, David Nichols, Hillary Mantel, Evie Wyld e Elif Shafak, seguiu- se o espanhol Mikel Santiago e o historiador de Hitler Timothy Ryback, bem como Millie Marotta, que já vai na terceira edição de o Reino Animal.
Quanto ao facto de estas editoras surgirem em plena crise económica, qualquer um dos responsáveis das três afasta essa maldição própria da atualidade.
O Delfim A 85. ª edição da Feira do Livro de Lisboa tem escapado à tradicional “maldição” do mau tempo. Desta vez ainda não choveu nem uma única vez no Parque Eduardo VII
A Elsinore afirma que tem um rumo de catálogo e um plano para o dar a conhecer: “Só depende de nós fazer chegar aos livreiros e aos leitores a nossa proposta de valor. Para já, a colocação dos primeiros títulos está a correr excelentemente e o facto de pertencer à 20| 20 Editora dá a segurança que os livreiros procuram sempre que aparece uma editora.”
Já para a Manuscrito, que pertence ao universo Editorial Presença, a crise “criou dificuldades financeiras em muitas editoras e levou ao encerramento de algumas, mas se acreditarmos na qualidade do nosso trabalho, podemos dizer que há sempre espaço para novas chancelas, sobretudo numa altura em que a produção editorial reduziu substancialmente”.
Quanto à Jacarandá, também do universo Editorial Presença, a crença é de que há sempre espaço para uma editora: “Mesmo em tempos de crise temos de ser positivos e criativos, trazendo ao mercado novas apostas para todos os leitores.”
A Elsinore foi
fundada já durante a Feira do
Livro de Lisboa