Diário de Notícias

OCDE pede subida do IVA e imposto sobre heranças

Governo deve “aumentar receita de impostos ambientais” e ser mais amigo do cresciment­o: IRC deve baixar e ser reavaliado

- LU Í S R E I S R I B E I RO

O país deve sair do défice excessivo já neste ano, com um défice de 2,9%, mas não sem críticas da parte da organizaçã­o dirigida pelo mexicano Angel Gurría. O I VA deve aumentar para alguns produtos que ainda são taxados no escalão mais baixo.

Para a OCDE, que publicou ontem o seu Panorama Económico semestral ( Economic Outlook), “o governo moderou o ritmo da consolidaç­ão orçamental”. A previsão do executivo de Pedro Passos Coelho é de 2,7%.

Como tal, continua a OCDE, o executivo deve “continuar os esforços” no sentido de “ter uma estrutura fiscal mais amiga do cresciment­o, reduzindo a taxa efetiva sobre as empresas [ IRC] com o alargament­o da sua base através da redução dos benefícios fiscais e estendendo o alcance da taxa normal de IVA”.

Ou seja, passar mais bens e serviços que hoje estão no escalão mais baixo do IVA ( bens essenciais, como alimentos, por exemplo) para o patamar dos 23%.

Além disso, “parece necessária uma avaliação abrangente das recentes reformas fiscais e dos seus efeitos em termos de distorções e capacidade de aumentar receita”.

Essa avaliação “poderia lançar as bases para melhorias adicionais na administra­ção f i scal e para aumentar mais a receita nos impostos ambientais e nos impostos sobre mais- valias nas heranças”, defende a organizaçã­o.

Esta ideia da OCDE – agravar impostos sobre o consumo e ambientais – deveria ser aplicada numa lógica de neutralida­de. Ao subir esta tributação, outras formas deveriam aliviar.

Tal como já defendeu em outubro no relatório sobre Portugal, impostos como o IVA não devem ser usados para combater situações de desigualda­de de rendimento ( como é o caso do escalão mais baixo de 6%).

A OCDE defende antes que Portugal “deve acelerar esforços para reduzir a desigualda­de” e apostar mais em i nstrumento­s como o RSI e o subsídio de desemprego.

“Os níveis de benefício no esquema de apoio do rendimento mínimo [ o equivalent­e ao rendimento social de inserção] são baixos e a cobertura do subsídio de desemprego é estreita.”

Nestas áreas há “duplicaçõe­s e nem todos os grupos alvo são beneficiad­os”, pelo que é possível resolver estes problemas e “reduzir os níveis de desigualda­de e pobreza”.

Ao contrário das outras instituiçõ­es internacio­nais ( Comissão, FMI), a OCDE não faz qualquer recomendaç­ão no sentido de reforma da Segurança Social no capítulo sobre Portugal.

Além da prioridade que é reduzir o desemprego e a desigualda­de, a organizaçã­o vê com inquietaçã­o os níveis pesados de endividame­nto das empresas e de crédito malparado. Resolver este bloqueio é crucial para que a banca venda mais crédito.

“A retoma do investimen­to obser vada nas economias do euro ainda terá de se materializ­ar em Portugal.”

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Angel Gurría, secretário- geral da OCDE, deixa alertas

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