Diário de Notícias

Plano para grexit decorre em paralelo com tentativa de acordo

Depois dos credores, Eurogrupo analisa hoje proposta grega e se o resultado for positivo pode nem haver cimeira amanhã

- J OÃO F R A NCI S CO GUERREI RO, Br u x e l a s

Os ministros das Finanças da zona euro fazem hoje uma nova tentativa de acordo para a Grécia, depois de o governo de Atenas se ter comprometi­do com um plano rigoroso que vai além da proposta inicialmen­te feita pelas instituiçõ­es.

O presidente do Eurogrupo, o holandês Jeroen Dijsselblo­em, disse esperar hoje “uma grande decisão”, embora, no melhor dos cenários, a reunião possa servir apenas para abrir negociaçõe­s com o FMI, BCE e Comissão Europeia. Em paralelo, o plano “detalhado” para o grexit já está em marcha.

Fontes europeias avançaram ao DN que o plano “detalhado” para o cenário de saída da Grécia do euro, referido na terça- feira à noite pelo presidente da Comissão Europeia, Jean- Claude Juncker, já foi entretanto desencadea­do. As primeiras medidas foram acionadas em menos de 24 horas, no dia 1, após a quebra do compromiss­o de pagamento do reembolso de 1,6 mil milhões de euros ao FMI.

O dito plano, cujo detalhe tem sido mantido em segredo absoluto por parte das instituiçõ­es, está a ser trabalhado há “algum tempo”, adiantou uma fonte contactada em Bruxelas, a qual não precisou quando é que o documento começou exatamente a ser preparado.

O plano inclui, porém, um calendário sobre o que acontece, “onde e quando”. Algumas das medidas já executadas estão numa “folha” feita circular pela Comissão. O “conjunto de eventos” que já foi desencadea­do pode ainda ser travado até certo ponto. “As coisas ainda podem ser paradas”, para evitar uma trajetória para uma nova moeda na Grécia.

Dois dos exemplos que foram avançados ao DN e que estão previstos no plano, para um grexit, são, numa primeira fase, o controlo de capitais como medida imediata e a reserva de direitos do Fundo Europeu de Estabilida­de Financeira. Ambas as medidas “são coisas que já acontecera­m”, mas que ainda podem ser revertidas, caso as reuniões que estão marcadas para o fim de semana produzam resultados positivos.

De acordo com outra fonte, o passo seguinte passa pela ativação de uma campanha de “ajuda humanitári­a” nas regiões da Grécia onde o impacto daquelas medidas sobre a população seja maior. Esta fonte admitiu que a possibilid­ade de haver uma decisão sobre ajuda humanitári­a no fim de semana não é de descartar, mesmo que haja um acordo com Atenas.

“Tendo em conta o que aconteceu na última semana, pode ser necessário enviar ajuda”, admitiu um diplomata ao DN, sem esclarecer se este programa se enquadra nos moldes tradiciona­is do que é a ajuda humanitári­a, com a projeção para o terreno de equipas para a distribuiç­ão de bens alimentare­s ou de medicament­os.

Ontem Bruxelas concluiu a análise à sustentabi­lidade da dívida grega e examinou a proposta para aferir a qualidade das medidas. O assunto foi discutido ao mais alto nível por FMI, BCE e Comissão. Esta manhã, o grupo de trabalho do euro vai ainda apreciar as propostas para emitir o parecer que estará na base da decisão que os ministros das Finanças deverão adotar no Eurogrupo desta tarde. Se o resultado for muito positivo, poderá nem haver a cimeira dos líderes do euro e dos 28. Amanhã se verá.

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