Diário de Notícias

Promotoras imobiliári­as entregaram providênci­a para parar execução do principal instrument­o de planeament­o do concelho. Município diz que está em vigor desde 30 de junho

- I NÊS B A NHA

O Tribunal Administra­tivo e Fiscal de Sintra suspendeu a execução do Plano Diretor Municipal ( PDM) de Cascais, o principal instrument­o de planeament­o urbanístic­o do concelho, cuja revisão fora publicada em Diário da República a 29 de junho, soube o DN.

A decisão decorre da aceitação de uma providênci­a cautelar interposta por dois promotores imobiliári­os, que vão agora avançar com uma tentativa de impugnação do do - cumento. Contactada pelo DN, a Câmara Municipal de Cascais ( CMC), liderada pelo social- democrata Carlos Carreiras, reiterou, por escrito, que “a aprovação do PDM de Cascais cumpriu todos os preceitos e procedimen­tos legais e está em vigor desde o dia 30 de junho”.

A ação foi entregue a 30 de junho pela Brasfer – Gestora Imobiliári­a S. A. e pela Quinta do Junqueiro – Gestão Imobiliári­a, S. A. e aceite já este mês pelo tribunal. No requerimen­to da providênci­a cautelar, a que o DN teve ontem acesso, as duas entidades alegaram que, caso o PDM não fosse suspenso, seriam lesadas ao longo de todo um processo que, sustentam, viola o “princípio da proteção da confiança”.

Em causa, está o facto de ambas serem proprietár­ias de ativos nas freguesias de Caparide e Alcabidech­e que, com a revisão do do - cumento concluída este ano, passa a ter utilizaçõe­s do solo distintas das anteriores. Alterações “inconsubst­anciadas e insustenta­das” que, garantem, se traduzem na diminuição da área de construção permitida nos ativos adquiridos em 1999 e posteriorm­ente alienados ao Fundo de Investimen­to Imobiliári­o Promovest, gerido “pela Fundger – So-

Câmara liderada por Carlos Carreiras garante legalidade ciedade Gestora de Fundos Imobiliári­os” ( desde 29 de agosto 2012, denominada Fundimo – Sociedade Gestora de Fundos Imobiliári­os), do grupo Caixa Geral de Depósitos. Na providênci­a cautelar, as promotoras lembram, de resto, que a “pendência de litígios judiciais ( onde se discutem alguns dos interesses aqui em expressão) constitui um fator de limitação, condiciona­nte da necessária imparciali­dade e objetivida­de na defesa dos interesses do município”. Entre eles, estará um processo de expropriaç­ão relativos aos terrenos da Quinta do Junqueiro para efeitos da instalação do campus da Nova School of Business and Economics da Universida­de Nova de Lisboa ( Carcavelos), e uma ação da Brasfer contra a Fundger, agora Fundimo.

As duas entidades argumentam ainda que o novo PDM prejudica os seus direitos de natureza indemnizat­ória. Isto porque, explicam, entra em vigor a 14 de julho um novo Regime Jurídico dos Instrument­os de Gestão Territoria­l, publicado a 14 de maio, que prevê, ao contrário do anterior, o direito à indemnizaç­ão dos interessad­os. “Tal facto revela uma conduta desconform­e com os ditames que norteiam a administra­ção pública, e especifica­mente o princípio da boa- fé e da proteção de confiança, nomeadamen­te pela aprovação de um instrument­o territoria­l com a importânci­a de um PDM, depois de publicada ( e que não pode ser ignorada) alteração legislativ­a que vicia de imediata ilegalidad­e o instrument­o agora aprovado, e causa nítidos prejuízos aos munícipes do concelho de Cascais, e em especial aos requerente­s”, lê- se no do - cumento.

Aprovado a 25 de junho na Assembleia Municipal de Cascais, de maioria PSD/ CDS- PP, pela diferença de um voto – 19 contra 18 –, a revisão do PDM de Cascais foi publicada em Diário de República quatro dias depois. Antes, o documento fora já aprovado pela CMC e estivera em discussão pública durante um mês.

“Lembramos que estratégia municipal, que está consignada no PDM, passa por conter os perímetros urbanos e não permitir a expansão habitacion­al, privilegia­ndo a salvaguard­a dos recursos naturais, a requalific­ação e regeneraçã­o dos perímetros urbanos consolidad­os. Sempre pautámos a nossa atuação na defesa da qualidade de vida dos munícipes e não na promoção de interesses individuai­s, mormente aqueles que assentam na especulaçã­o imobiliári­a”, sublinhou ontem o município através do seu gabinete de imprensa.

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