Diário de Notícias

Os homens da guerra e o seu destino

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Em 2001, com a condenação de Radislav Krstic em Haia – determinad­a por um coletivo de juízes presidido pelo português Almiro Rodrigues –, o massacre de Srebrenica foi internacio­nalmente reconhecid­o como genocídio. Krstic foi condenado a 46 anos de prisão. As autoridade­s sérvias, porém, continuam sem admitir oficialmen­te o genocídio e reclamam- se vítimas de crimes de guerra que ficaram impunes.

Naser Oric – para muitos bósnios considerad­o um herói pelo seu papel como líder militar na defesa que fez do enclave de Srebrenica – é, para os sérvios, um criminoso sanguinári­o que dizimou aldeias inteiras. “Tínhamos de fazer a nossa defesa por todos os meios possíveis. Ambos os lados desrespeit­aram a Convenção de Genebra”, afirmou Naser no documentár­io A Cry From The Grave ( 1999). Em abril de 2003, foi detido e transferid­o para Haia, onde viria a ser condenado, em 2006, a dois anos de prisão. Em 2008, porém, na sequência de um pedido de recurso, foi declarado inocente. Seria importante ouvir o que tem a dizer hoje e chegou a estar agenda- da uma entrevista para o passado dia 13 de maio, em Sarajevo. A conversa com o DN, porém, foi desmarcada no próprio dia através de uma mensagem escrita: “Devido a obrigações familiares, fica cancelado o encontro.” Naser não voltou a responder às tentativas de contacto.

Slobodan Miloševic, ex- presidente da Sérvia, foi encontrado morto em 2006, na sua cela, na prisão de Haia. O julgamento ainda decorria. Tinha 64 anos.

Radovan Karadzic, 70 anos, líder político dos sérvios- bósnios nos anos da guerra, foi preso em 2008. O julgamento ficou concluído em outubro do ano passado e espera- se que a sentença seja proferida no próximo mês de dezembro.

Ratko Mladic, principal responsáve­l militar do exército sérvio- bósnio durante o conflito, tem hoje 72 anos e foi detido em 2011. O julgamento ainda decorre e só em 2017 deverá ser conhecida a sentença. Mladic, no entanto, ainda durante a guerra, recebeu a pior das condenaçõe­s. Em 1994, a sua filha de 23 anos suicidou- se em casa com a arma preferida do pai.

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