Dia 13 é a nova data para acordo com o Irão
Nuclear. Todos admitem progresso nas negociações – mas também o seu possível colapso
As negociações sobre o nuclear iraniano foram novamente prolongadas, tendo sido estabelecido segunda- feira como nova data- limite para se chegar a um acordo que permita o fim das sanções ao regime de Teerão.
Representantes do Irão, Alemanha, China, Estados Unidos, França, Grã- Bretanha e Rússia acordaram, ontem em Viena, na terceira extensão das reuniões no espaço de duas semanas. Os negociadores ocidentais e iranianos responsabilizam- se mutuamente por adotarem posições intransigentes, ainda que, ao mesmo tempo, admitam a existência de alguns progressos. O secretário de Estado John Kerry disse isso mesmo, mas sublinhando que o acordo “tem de resistir ao teste do tempo” e que, a não ser possível um acordo dessa natureza, “estamos preparados para pôr termo às negociações”.
Um porta- voz da Casa Branca referiu ontem que as negociações podem continuar enquanto “houver progressos, mas se não houver envolvimento construtivo dos iranianos, o presidente [ Barack Obama] não hesitará em fazer regressar” a equipa negocial. Tudo parece indicar que, de facto, há desenvolvimentos positivos até dia 13, ou as negociações podem cessar.
O principal ponto de atrito neste momento será o levantamento das sanções à venda de equipamento militar convencional e mísseis. Quer o Irão, como a Rússia e a China pretendem o fim das sanções neste capítulo, o que permitiria a Teerão adquirir este tipo de armas àqueles dois países, um movimento a que os Estados Unidos em particular se opõem. Uma razão dessa oposição prende- se com a questão da segurança de Israel, que o primeiro- ministro deste país, Benjamin Netanyahu, afirma estar em risco, caso se chegue a acordo. Do lado iraniano, acusa- se os EUA de estarem a recuar nos termos do acordo prévio assinado em abril.
Sinal das tensões resultantes das negociações de Viena e das dúvidas geradas pelo seu curso, o diário israelita Haaretz revelou na quinta- feira que os Estados Unidos não estão a informar o governo de Netanyahu dos desenvolvimentos na capital austríaca desde há duas semanas.
Do lado americano afirma- se que houve tentativas de contacto entre o principal negociador dos EUA, o subsecretário de Estado Wendy Sherman, e o conselheiro nacional de segurança de Israel, Yossi Cohen, mas “divergências de agenda” não o permitiram. Contactos entre Netanyahu e o secretário de Estado John Kerry também não teriam ocorrido desde o início do mês.
Os receios de Israel não deixam de ter razão de existir, atendendo à retórica de algumas figuras do regime de Teerão e a manifestação como a sucedida ontem na capital iraniana, com grandes multidões a desfilarem nas ruas gritando “morte a Israel” e queimando efígies de Obama e Netanyahu.