Diário de Notícias

A vitória do rock logo à primeira

A primeira noite do NOS Alive foi dos Muse, mas Metronomy, Alt- J e Django Django também deixaram a sua marca no festival. Ontem a jornada festivalei­ra começou com os vistosos Blasted Mechanism, que apresentar­am a oitava geração de inconfundí­veis fatiotas

- Miguel Judas POR

Foi um Ben Harper competente e igual a si próprio, com muito rock e blues, que, ainda com últimos raios de sol a iluminar o recinto, se apresentou no palco principal, no primeiro dia do NOS Alive, para um concerto recebido com o devido respeito e animação, embora sem grandes euforias, porque a maior parte do público já ansiava pelo que vinha a seguir. Por esta altura, no palco Heineken, atuavam os britânicos Metronomy, que proporcion­aram uma das grandes festas deste primeiro dia, pondo a enorme tenda numa verdadeira roda vida de dança, saltos e gritos – cenário que se repetiria mais tarde com os também ingleses Django Django.

Entretanto, a multidão ia- se acumulando à volta do palco principal, onde era agora a vez de os Alt- J provarem estar à altura da promoção a cabeças de cartaz. Não compromete­ram, é certo, até porque a sua música é certeira e sem falhas, mas ficou a sensação que o indie pop de ambientes eletrónico­s deste quarteto britânico funcionari­a melhor num cenário mais intimista. Ou então era apenas porque a cabeça ( e o coração) da maior parte dos presentes já ansiava pelos Muse.

Aqui chegados, há que fazer uma declaração de interesses: quem assina estas linhas não é fã da banda e nunca tinha assistido a um único concerto dos Muse, mas a verdade é que, desde o primeiro acorde, Matthew Bellamy e demais companheir­os mostraram não só ao que vinham, mas porque são considerad­os uma das maiores bandas rock da atualidade. Sim, estão lá os solos à Queen/ Brian May, os riffs à Led Zeppelin, as cavalgadas à ZZ Top e alguns trejeitos à U2, mas como dizia, algures no meio do público, um quase anónimo Pedro Paixão, teclista e guitarrist­a dos portuguese­s Moonspell, “eles são tudo isso, mas em bom, sem soarem a imitação”. E nem mesmo quando “esticam a corda”, com as vocalizaçõ­es à heavy metal clássi- co ou explosões de confetes a fazer lembrar as festas dos DJ da moda, a coisa resvala. É tudo rock and roll e o público gosta – e diverte- se. Afinal, é para isso mesmo que paga bilhete. É, aliás, caso para dizer que, à exceção dos três grandes ( Rolling Stones, U2 e Metallica), poucas bandas o conseguem fazer hoje de forma tão exemplar.

Ontem, a tarde começou ao som dos portuguese­s Blasted Mechanism, que surpreende­ram ( em particular o público estrangeir­o) com uma nova geração de fatos – a oitava. Seguiram- se, ainda no palco principal, os ingleses Marmozets e os australian­os Sheppard, num fim de tarde e início de noite morno, em tudo contrastan­te com o que se passava no palco Heineken, onde soul e rock se misturaram, num concerto exemplar da canadiana Cold Specks. Ou na enérgica atuação dos norte- americanos Bleachers, a agarrar por completo o público com mais uma reinterpre­tação desse inesgotáve­l filão que são os anos 80, por entre versões de Fleetwood Mac e solos de saxofone à Clarence Clemons.

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Muse arrasaram na primeira noite do festival, ontem os Blasted Mechanism aqueceram os motores da jornada

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