Diário de Notícias

A “Maria da Avenida” e sua irmã Júlia voltaram a sair do quarto

As Pega Monstro lançaram o seu segundo álbum, que hoje tem direito a festa no Ateneu da Madredeus, em Lisboa. Encontrámo­s Maria e Júlia Reis para falar do do músculo que se ganha a tocar – “tanto literal como metaforica­mente” – e da falta de “guita” que

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das 18.00, tem direito a festa ali mesmo, onde depois das 22.00 elas atuarão.

É rock? Sim. É punk- pop? Pois. Mas é, antes e depois disso, a voz melancólic­a dela a cantar “Sou Maria da Avenida, vou morrer aos 34” em Fado d’Água Fria. São os

de guitarra da Maria e a bateria da Júlia. O álbum chama- se Al

porque a mãe é do Algarve. E dentro da canção Amêndoa

estão as férias grandes de uma ponta à outra. Isto e o quarto de 9m2 ( com armários) onde ensaiam. Há ainda os palcos improvisad­os em passagens de ano e o pai que lhes ensinou que “não precisas de ter alta voz para cantar”. “Nunca foi tipo: aaah” – Maria a fazer- se soprano.

Por vezes, a voz dela nas canções das Pega Monstro ouve- se lá longe, e só com esforço temos a certeza de entender as palavras que canta. “Nós não achamos que a voz seja essencial. O que eu acho fixe na nossa cena é que a bateria, a voz e a guitarra estão todas ao mesmo nível. E não há tipo: Agora é o solo! É sempre tudo a abrir. Depois se calhar perde- se algum significad­o, mas também obriga a pessoa a ouvir mais. E se calhar depois também inventas.” Contam que faziam isso em pequenas, com as canções em inglês. Sorriem quando olham uma para a outra. Ela chama- lhe Jules ( que tem 23 anos) e esta chama- lhe Mary ( 21).

Há naquelas letras uma sinceridad­e quase adolescent­e que ca-

Alfarroba minha ao lado de um desapego quase sábio ( oiça- se És tudo o Que Eu Queria). Todas são escritas por Maria quando cada canção já está feita. “A última cena é arranjar palavras que encaixem ali e dar um significad­o àquilo. Ou às vezes não tem significad­o. Às vezes são só palavras que combinam bem.”

Estão mais maduras desde o último disco. “Crescemos. Passou tempo e a música tem que ver com isso”, diz a Júlia, formada em Biologia Celular e Molecular. Têm ouvido “bué mais Black Sabbath. Mais rock, mais hip hop também”. Isso ouve- se na sua música na medida em que, explica Maria, “tu és o filtro de tudo. Não é tipo: isto soa a Beatles... Soa a nós e depois tens ali pormenores que são tipo: ah, a guitarra ‘ tá’ Spacemen 3”.

Por que saem do quarto? Porque, ao chegar ao palco, se sabe que “é para i sso que tu f azes” o que fazes, diz Júlia. Contam que, à medida que o tempo avança, duvidam menos. De quê? Ora, “se consigo cantar esta frase toda sem ficar sem voz”. “E se eu vou conseguir aguentar a pedalada”, completa Júlia. Maria garante que se vai “ficando com mais músculo”. E a irmã: “Tanto literal como metaforica­mente.”

São ambas da Cafetra, editora – de Passos em Volta ( a que pertenciam) ou Éme ( com quem Júlia toca bateria) – que pode ser fisicament­e avistada em bando quando todos eles se juntam para assistir a concertos. A pergunta óbvia: Por que editam, então, o álbum pela l ondrina Upset the Rhythm? “Não tínhamos guita”, diz Maria num sorriso coordenado com os ombros que sobem. Simples. Assim como, se lhe perguntare­m o que faz na vida, responde: “É isto.”

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