Rui Rio jantou com Passos Coelho e avança antes das legislativas
Acordo entre o líder do PSD e o ex- autarca do Porto foi fechado num jantar realizado no Porto no dia 17 de junho, em que o primeiro- ministro deu luz verde a Rio
Rui Rio vai avançar para Belém antes das legislativas e com o apoio de Pedro Passos Coelho. O DN apurou junto de fontes sociais- democratas que o acordo entre o ex- autarca e o líder do PSD foi fechado num jantar realizado no Porto, no dia 17 de junho.
Nesse encontro – em que Passos terá dado luz verde a Rio para avançar – ambos terão combinado gerir a pasta com discrição para não perturbar a campanha para as legislativas. Na sequência do jantar, Rio e Passos chegaram mesmo ligeiramente atrasados a um debate de apresentação do livro de Paulo Rangel, Jesus e a Política, onde ambos marcaram presença.
Rio já decidiu que avançava, só não decidiu quando. O DN sabe que será antes das legislativas, com hipótese de ser no final deste mês, embora ainda não esteja finalizada a data do anúncio. Questionado pelo DN, sobre se avançaria até ao fim do mês ou se tinha recebido o apoio de Passos Coelho, o ex- autarca do Porto foi evasivo, dizendo apenas: “Quando houver alguma coisa de real e verdadeiro sobre matérias que tenham a ver comigo, serei, seguramente, eu a referir.” E complementou: “Uma vez que não o fiz, o que tem sido noticiado insere- se claramente no domínio da especulação.”
Passos Coelho ( tal como a direção do PSD) não vai assumir, para já, este apoio publicamente. Se o primeiro- ministro divulgasse o apoio a Rio nesta altura, iria criar divisões nas estruturas ( onde Marcelo Rebelo de Sousa coleciona apoiantes) e a união nas bases é precisa num momento em que a pré- campanha tem de arrancar por todo o país.
Porém, o encontro entre os dois era necessário para que a máquina de Rio pudesse começar a trabalhar e – embora as negociações se vão fazendo num círculo restrito – o ex- autarca já começou a contactar alguns dos notáveis do partido.
Francisco Pinto Balsemão – cada vez mais próximo de Passos Coe - lho – deu recentemente um apoio claro à candidatura de Rio. O militante número um do PSD revelou que “de todos os hipotéticos candidatos que se fala, a eventual candidatura de Rui Rio é a que mais me entusiasma e a que mais confiança me merece”. E deu a entender que o tempo está a esgotar- se: “Os prazos vão encurtando e o cavalo do poder raramente passa mais do que uma vez à porta.”
O apoio de Passos a Rio – embora este tenha sido um dos seus maiores críticos – não é completamente surpreendente. Desde o congresso de fevereiro de 2014 que Passos Coelho tinha deixado claro que não queria Marcelo como candidato presidencial.
Na moção estratégica que levou ao órgão máximo do partido começou logo a pôr um travão nas intenções do ex- líder do PSD, ao definir um perfil específico do candidato presidencial ideal.
O líder do PSD disse então que o Presidente não deve ser um “protagonista catalisador de qualquer conjunto de contrapoderes ou num catavento de opiniões erráticas em função da mera mediatização gerada em torno do fenómeno político”. E mais: “Não deve buscar a popularidade fácil.” Até Marcelo admitiu que era o alvo destas palavras.
Passos consegue assim vencer em vários tabuleiros. Afasta Marcelo, de quem não gosta, e ainda inviabiliza a candidatura de Rui Rio ao partido. O ex- presidente da Câmara do Porto sempre foi apontado como o principal candidato à sua sucessão ou até mesmo a desafiar a sua liderança. Rio enfrenta alguma resistência de notáveis a sul que já se comprometeram com Marcelo – que poderá avançar, mesmo contra Rui Rio.
Homens próximos de Rio vincam que julho continua a ser o mês mais indicado para Rio avançar, uma vez que após as legislativas estaria muito condicionado pelo resultado que PSD e CDS obtenham nas urnas. O anúncio de Rio será certamente antes da fase final da campanha, mas o ex- autarca tentará ao máximo não se envolver na batalha partidária, que vai aquecer em setembro.