INE justifica- se e altera procedimentos para evitar erros nos dados do emprego
Metodologia de cálculo já causou discrepâncias relevantes entre as estimativas e as revisões dos números mensais. Próximo governo decide recondução ( ou não) da presidente
Foi a maior discrepância desde que, em outubro do ano passado, o Instituto Nacional de Estatística ( INE) começou a publicar mensalmente os dados do emprego: as estimativas preliminares relativas ao mês de maio apontavam para uma taxa de desemprego de 13,2% ( o que significava a sua subida) e, agora, o INE emendou a mão para 12,4%, já com os dados estabilizados. A retificação, segundo noticiava ontem o Expresso, deixou o governo à beira de um ataque de nervos – e até há quem insinue que pode haver motivações políticas por trás dos números –, mas o INE justifica- se tecnicamente.
O procedimento que o órgão máximo das estatísticas em Portugal utiliza é complexo, pois assenta em trimestres móveis centrados – e com informação incompleta. Para que se perceba, pegando na última estimativa, a de junho, os meses considerados são maio, junho e julho. Os dois primeiros já incluem toda a informação fechada, mas os números de julho basearam- se em projeções. Assim sendo, depois desta estimativa, terá de haver uma revisão. Assim, as oscilações têm sido evidentes, o que já provocou alguma irritação no PSD e no CDS, que já em janeiro chamavam ao Parlamento a presidente do INE, Alda Carvalho, para explicar as “discrepâncias”.
No último quadro de revisão às suas estimativas, o organismo avan - çou com uma nota de que está a fazer uma avaliação da situação, dando igualmente conta de que já iniciou as démarches para modificar a metodologia no próximo ano. “Estas revisões refletem o facto de as estimativas provisórias se basearem em informação incomple- ta. A sua magnitude, acentuando- se, pode perturbar uma leitura mais rigorosa da dinâmica do mercado de trabalho. Tendo isto presente, o INE está a promover um conjunto de alterações de natureza operacional visando, no início de 2016, antecipar a divulgação de estimativas definitivas”, pode ler- se na página 6 do documento explicativo dos últimos dados, disponível no portal do INE.
Dentro do próprio instituto há o reconhecimento de que a contabilização pode induzir políticos e cidadãos em erros substanciais, sobretudo na antecâmara de eleições, em que o emprego assume um papel central nas narrativas da coligação e da oposição. E ainda que, de caminho, tais erros fragilizam a credibilidade do INE.
Por outro lado, outro dos pontos que geram alguma discórdia entre os técnicos é o não cruzamento com os dados do Instituto de Em- prego e Formação Profissional ( IEFP). Dito de outra forma: o INE baseia os seus números num inquérito ao emprego, mas, como o próprio organismo reconheceu quando publicou a primeira estimativa, em outubro, não “faz uso de dados administrativos sobre o desemprego registado nos centros de emprego. Próximo governo decide Com maior ou menor controvérsia, a presidente do conselho diretivo do INE, Alda Carvalho, está segura no cargo, pelo menos, até ao final da legislatura. Os mandatos daquele órgão são válidos por três anos, tendo a última recondução de Alda Carvalho sido feita no final de 2012, pelo então ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, já depois de ter sido reconduzida por Pedro Silva Pereira em 2009. Assumiu as funções em 2005 por nomeação do governo de Sócrates. Marques Mendes defendeu ontem que os gestores da Caixa Geral de Depósitos ( CGD) se tivessem um pouco de “brio” demitiam- se de imediato. Porquê? Porque foram desautorizados pelo primeiro- ministro e em público, disse o comentador político no seu habitual espaço de opinião na SIC.
Mendes deu razão a Pedro Passos Coelho nas críticas que fez aos gestores da CGD. Falta de liderança, agressividade comercial e sensibilidade para os negócios das PME e estão muito atrasados no seu processo de reestruturação interna, na ótica do antigo líder do PSD. Mas Mendes entende que o “maior culpado” de tudo isto é mesmo o governo, porque foi da sua autoria a escolha desta administração.
O antigo líder do PSD comentou ainda as listas de candidatos da coligação Portugal à Frente e elogiou mais mulheres cabeças de lista, abertura a independentes, muitos jovens, a renovação significativa e a aprovação rápida e por unanimidade.
De aspetos menos bons falou de “injustiças” nas escolhas – e nomeou Fernando Negrão que, defendeu, deveria ter sido cabeça de lista; e de governantes a mais e de representantes da sociedade a menos. Já do programa eleitoral disse que saiu melhor do que se esperava.