Momentos inesquecíveis com o quarteto Hugo Wolf
O Festival de Marvão apresentou os quartetos Signum e Hugo Wolf. Pelo meio, uma orquestra e solistas lutaram contra noite fria
CRÍTICA Música de câmara em grande no Festival de Marvão. Primeiro foram os Signum. No Adagio e Fuga, KV546, de Mozart, o Adagio de belo efeito, a Fuga um pouco rápida para a acústica do espaço. O Cartas Íntimas, de Janácek, que se seguiu, foi claramente o ponto alto do recital, com uma leitura de admirável intensidade e enorme profundidade expressiva, que se “desenovelou” como um romance ante os nossos ouvidos. O op. 130 (+ op. 133) de Beethoven valeu principalmente pelos três andamentos que medeiam entre o Allegro inicial e a Cavatina, todos muito bem caracterizados, e pela Grande Fuga, que foi um contínuo de “eletricidade” ao longo de quase 15 minutos.
Mas não nos esqueçamos do projeto # quartweet que os Signum publicitaram: peças para quarteto com 140 notas no máximo! À guisa de exemplo, tocaram um coral de Bach e uma autora contemporânea.
No dia seguinte, os Hugo Wolf protagonizaram o mais alto momento de música de câmara que pudemos testemunhar: um op. 76/ 4 de Haydn “200%” com o estilo todo lá, e, no final, um Quinteto de Schubert ( Danjulo Ishizaka fez o violoncelo II) positivamente inacreditável, tão irrealmente bela foi a interpretação. Momento inesquecível! Pelo meio, Il tramonto de Respighi: mezzo Anna- Doris Capitelli de boa voz, mas pouco expressiva.
Na noite anterior, a Orq. Câmara de Colónia, dirigida por Christoph Poppen, tocou no pátio do castelo. Um concerto com várias vicissitudes, a menor das quais não foi o vento frio. Contra os elementos e outros acidentes, guardaram- se na memória a revelação Danjulo Ishizaka: belo Concerto n. º 1 de Haydn; e a Sinfonia n. º 29 de Mozart.