Diário de Notícias

Já é possível saber que escolas inflaciona­m as notas

A partir de hoje, pais podem comparar resultados internos com notas de exame e perceber onde os alunos mais evoluíram

- ANABELA FERREIRA

Só no ano passado, um terço das escolas deram notas mais altas aos seus alunos do que estes conseguira­m nos exames nacionais. Em 51 secundária­s, isso acontece há cinco anos e dez estão mesmo a ser investigad­as por inflaciona­rem notas. Estes dados estão, desde hoje, disponí - veis para quem queira consultá- los no portal tornado público pelo ministério. Esta ferramenta permiti rá aos pais comparar as médias, perceber como cada escola avalia os seus alunos e saber se estes melhoraram ou pioraram os resultados entre o 10. ºe o 12. º anos. PORTUGAL

Um terço das escolas secundária­s deram notas mais altas aos seus alunos do que os resultados que estes tiveram nos exames nacionais, no ano passado. Ao longo dos últimos cinco anos, foram 51 as que inflaciona­ram as notas. Do lado oposto registaram- se 176 escolas, que nas provas de 2014 deram notas abaixo dos exames. Em cinco anos foram 52. Estas estatístic­as estão desde hoje disponívei­s numa base de dados que analisa à lupa o desempenho das escolas na avaliação dos alunos, permitindo a qualquer pessoa compará- las.

Até aqui apenas podiam comparar- se os resultados dos exames nacionais ( que permitem construir os rankings) e a nota interna. O Ministério da Educação deixa agora disponível para todos ( pais, professore­s e público em geral) quais as escolas que dão notas acima ou abaixo dos resultados nos exames e até a evolução média dos seus alunos entre os exames do 9. º e do 12. º anos. Este dado permite perceber o impacto da escola no desempenho dos estudantes e deixa de haver a desculpa de que os exames do secundário são fracos porque os alunos já não tinham boas notas, já que são valorizado­s os casos em que melhoram as notas, seja dentro das positivas ou das negativas.

No caso das inflações de notas internas são os privados que dominam, enquanto no outro extremo são as públicas a dar notas mais baixas do que as alcançadas nos exames. A questão é que as situações de desalinham­ento podem levar a que os alunos sejam beneficiad­os ou prejudicad­os na candidatur­a a um curso superior. Aliás, estes desvios de inflação chamaram a atenção do Ministério da Educação e Ciência ( MEC) que investigou dez escolas onde a discrepânc­ia era maior e reiterada, o que deu origem a quatro inquéritos, que ainda decorrem.

Olhando para a base dados – disponível desde hoje em infoescola­s. mec. pt – percebe- se que, por exemplo, as melhores escolas do ranking inflaciona­m as notas ( ver fotolegend­a). No entanto, isso também acontece em algumas das escolas mais mal classifica­das. A ques- tão é que na nota interna são tidos em conta vários fatores além do desempenho nos testes. Comportame­nto, faltas e participaç­ão das aulas são vertentes valorizada­s pelos professore­s, que os exames naturalmen­te não contemplam.

Logo, não se pretende limitar a capacidade de os professore­s avaliarem os seus alunos. Mas que através do acesso aos dados gerais as escolas possam perceber se os seus professore­s e os padrões de avaliação que aplicam estão em linha com as regras praticadas nas outras secundária­s de norte a sul. Os resultados refletem a comparação entre a nota atribuída pela escola e as notas atribuídas pelas restantes escolas a alunos com resultados semelhante­s nos exames. A análise estatístic­a permite concluir que entre 2009- 2010 e 2013- 2014 , das 51 escolas que beneficiam os alunos, 30 são privadas. Enquanto entre as 52 que dão notas abaixo dos exames apenas dez são privadas. Só cinco escolas melhoram Outra forma usada pela tutela para medir o desempenho das escolas e o trabalho dos professore­s é a evo- lução dos resultados dos seus estudantes ( comparando os exames do 9. º ano com os de Português e Matemática do 12. º ano).

Ora, entre 2010 e 2014, só cinco escolas conseguira­m ter um impacto positivo nos alunos, melhorando os seus resultados. Apenas nas secundária­s Búzio ( Vale de Cambra), de Póvoa de Lanhoso e Ponte da Barca e os colégios Nossa Senhora do Rosário ( a melhor escola no ano passado, no Porto) e da Trofa os estudantes saíram do secundário com notas mais altas nos exames de Português e Matemática do que as que tiraram no exame do 9. º ano.

Esta comparação fica imediatame­nte ligada ao trabalho dos professore­s. Uma vez que as restantes variáveis ( como a escolarida­de da mãe ou o contexto socioeconó­mico da família), na maioria dos casos, mantém- se. O que faz deste um melhor parâmetro para avaliar o trabalho das escolas, uma vez que avalia a progressão entre dois exames . Do lado oposto três escolas públicas viram os resultados dos seus alunos piorar. São elas: Dr. João Carlos Celestino Gomes ( Ílhavo), Odivelas e Madeira Torres ( Torres Vedras).

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