Take três
Os cartazes socialistas continuam a dar problemas e a desviar as atenções do essencial. Nesta edição publicamos um artigo assinado por Mário Centeno sobre as dúvidas que o programa da coligação levanta, mas até agora não se ouviu uma única resposta satisfatória às questões que o economista volta a expor com detalhe e que este jornal já apontara neste mesmo espaço há uma semana. Quando, como e quanto vão custar as medidas propostas pelo PSD e pelo CDS? Estas são perguntas maiores, essenciais, elementares. Sem o seu esclarecimento rigoroso é impossível medir a solidez do que se propõe e assim o debate não avança, desliza para lado nenhum, fica no éter, é um cheque em branco. Talvez seja essa a estratégia de Passos & Portas: não dizer nada de muito comprometedor e complexo, é agosto, as pessoas querem lá saber e as sondagens até lhes dão algum alento, embora ainda curto. Os cartazes do PS poderiam então servir de alavanca. Poderiam ser o despertador ( a provocação) capaz de tirar o governo do confortável remanso em que se encontra, obrigando- o a assumir até onde quer ir, por exemplo, no plafonamento da Segurança Social, na saúde ou na educação. Mas a incrível sucessão de erros do PS – não é só falta de jeito, é desorientação – está a produzir o efeito contrário. O país está hoje a discutir fotografias e caras em vez de ideias e as consequências dessas ideias na vida real. Tantos meses para preparar uma campanha eleitoral, para encontrar pessoas e histórias capazes de resumir e contar os problemas destes últimos quatro anos, e o que os socialistas oferecem é uma tenebrosa utilização abusiva da imagem de um grupo de cidadãos que desconhecia ao que ia. Nada bate certo naqueles cartazes. As datas, as caras com as frases, o PS nem sequer procurou saber se aquelas pessoas estavam ou não desempregadas e se poderiam – e se queriam! – servir de modelos para o objetivo proposto. Reina a desordem na campanha do PS e não, não é uma conspiração da direita. É aselhice, é facilitismo.