Diário de Notícias

“Diz- me o que vestes...”: O dress code conta para as grandes empresas?

Fora do setor da banca, é raro encontrar quem assuma ter um regulament­o interno de vestuário para os seus colaborado­res

- SÉR GIOPIRES

“Diz- me o que vestes, dir- te- ei quem és.” Bem pode adaptar- se um provérbio português para perceber que, independen­temente de estar instituído pelo regulament­o interno ou deixado ao critério do bom senso dos colaborado­res, o dress code ( código de vestuário) não é um conjunto de regras estranho às principais empresas portuguesa­s.

Apesar de no meio haver quem ao DN considere que a rigidez no vestuário no caso dos white collars ( executivos) resulta de “uma moda instituída pelas consultora­s norte- americanas que em Portugal já teve mais adeptos”, o dress code é levado a sério sobretudo em setores como a banca.

“Quem tem contacto com o público, nas sucursais do banco, por exemplo, tem de cumprir com o regulament­o interno instituído, que no caso dos homens obriga a fato e gravata, enquanto as senhoras têm de estar vestidas também de maneira mais formal, no que entendemos como ‘ para receber pessoas’”, explica ao DN fonte do BCP, acrescenta­ndo que no caso dos serviços centrais, onde o contacto com o público externo não é frequente, não exista uma exigência semelhante em termos de vestuário, embora a cada colaborado­r seja sempre exigido “vestir de forma profission­al”.

A regra tem exceções em algumas empresas, através da instituiçã­o do casual friday, dia da semana ( sexta- feira) em que os funcionári­os podem vestir- se de forma mais descontraí­da do que o habitual.

“Ir de calças de ganga e sem gravata para o trabalho por ser sextafeira? No BCP, isso não existe...”, diz fonte do principal banco privado português, ao contrário do que acontece na Cetelem, empresa do grupo francês BNP Paribas que é líder de mercado em Portugal no financiame­nto a particular­es, cujos cerca de 600 colaborado­res têm alguma liberdade para em dias específico­s optarem por roupa menos formal.

“Nos meses de verão é permitido aos homens deixar a gravata em casa, o que permite alguma poupança até no ar condiciona­do. Além disso, ao l ongo de todo o ano temos i nstituído o casual f riday, em que as pessoas podem ir de calças de ganga trabalhar, se assim entenderem... Isto tem alguns condiciona­mentos, claro, como o de, por exemplo, os colaborado­res não terem de nesse dia reunir- se com pessoas f ora da empresa. Mais difícil é traçar a fronteira no caso das mulheres, embora não sejam permitidas saias demasiado curtas, por exemplo”, revela Leonor Santos, diretora do departamen­to jurídico da Cetelem.

O cenário é relativame­nte diferente fora da banca. Na principal seguradora portuguesa, que não quis ser citada neste artigo, não existe uma regra estabeleci­da, tal como noutras deste setor de atividade, embora haja uma diferença no que é exigido entre quem está nos balcões ou no escritório.

Questões de segurança ou de coerência na imagem corporativ­a não são encaradas como fazendo parte do dress code, no entanto, a exigência e os critérios para o que vestir no trabalho dependem da função, em particular do contacto com o público no caso dos executivos. Essa é a regra em boa parte das empresas, como a EDP, cujo grupo conta com mais de 12 mil colaborado­res.

“Naturalmen­te, há atividades nas centrais elétricas onde é preciso andar vestido com capacete e fato de macaco; nas lojas há que vestir fardas, por uma questão de coerência na imagem institucio­nal, mas não consideram­os isso dress code, que não está instituído na empresa. Na área executiva não existe a obrigatori­edade de vestir de determinad­a forma. Apesar de não haver uma regra clara, tudo tem de estar dentro dos limites do bom senso, tanto para homens como para mulheres”, esclarece a EDP, acrescenta­ndo que tal como noutras empresas às sextas e durante o mês de agosto, neste caso também por uma questão de poupança energética, os colaborado­res podem ir vestidos de forma mais leve.

Trabalhar de calças de ganga e sem gravata? “No BCP, isso não existe”

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal