Penosas horas
Ficou claro que o partido republicano não passa de uma barriga de aluguer para Donald Trump. Quando Bret Baier, da Fox News, perguntou aos dez candidatos se algum concorreria à Casa Branca como independente caso não fosse o nomeado pelo partido, a única mão que se levantou foi a de Trump. Se a espontaneidade o destacou dos demais ( como se fosse preciso) e reforçou ainda mais o seu tempo de antena ( foi de longe quem mais falou), também tornou evidente o tipo de compromisso com as estruturas nacionais do GOP e seus principais financiadores. Trump éo
outsider bizarro destas primárias, gera anticorpos no tradicionalismo republicano, mas cai bem naquela massa eleitoral antissistémica que se tem apoderado do partido em muitas políticas e nalguns estados. Se o GOP continua a ser uma grande e heterogénea federação ideológica, aparece demasiadas vezes resgatado por tribos com peso no Congresso para fazer o pleno do radicalismo: anticiência, anti--impostos, antigoverno, antiminorias, anti- imigração. Os debates têm a vantagem de ressuscitar políticos do fundo das sondagens. Neste sentido, Chris Christie e Rand Paul podem beneficiar por se terem enfrentado diretamente ou exposto Trump sobre o seu financiamento passado à fundação Clinton. O seu impacto entre as bases pode mesmo determinar a longevidade de Trump nesta corrida. Mas o principal dilema para o
establishment do partido está na não descolagem de Jeb Bush. Era suposto que liderasse as sondagens nesta fase, motivando outros a desistir e agregando duas ou três propostas suficientemente fortes para o definirem claramente como alguém capaz de travar Hillary Clinton. Nada disto tem acontecido. Apesar da máquina e da maior fatia até agora angariada ( cem milhões de dólares), falta- lhe rasgo, entusiasmo e algum descaramento. As bases republicanas não estão para cinzentismos.