Diário de Notícias

Penosas horas

- BERNARDO PIRES DE LIMA Investigad­or universitá­rio

Ficou claro que o partido republican­o não passa de uma barriga de aluguer para Donald Trump. Quando Bret Baier, da Fox News, perguntou aos dez candidatos se algum concorreri­a à Casa Branca como independen­te caso não fosse o nomeado pelo partido, a única mão que se levantou foi a de Trump. Se a espontanei­dade o destacou dos demais ( como se fosse preciso) e reforçou ainda mais o seu tempo de antena ( foi de longe quem mais falou), também tornou evidente o tipo de compromiss­o com as estruturas nacionais do GOP e seus principais financiado­res. Trump éo

outsider bizarro destas primárias, gera anticorpos no tradiciona­lismo republican­o, mas cai bem naquela massa eleitoral antissisté­mica que se tem apoderado do partido em muitas políticas e nalguns estados. Se o GOP continua a ser uma grande e heterogéne­a federação ideológica, aparece demasiadas vezes resgatado por tribos com peso no Congresso para fazer o pleno do radicalism­o: anticiênci­a, anti--impostos, antigovern­o, antiminori­as, anti- imigração. Os debates têm a vantagem de ressuscita­r políticos do fundo das sondagens. Neste sentido, Chris Christie e Rand Paul podem beneficiar por se terem enfrentado diretament­e ou exposto Trump sobre o seu financiame­nto passado à fundação Clinton. O seu impacto entre as bases pode mesmo determinar a longevidad­e de Trump nesta corrida. Mas o principal dilema para o

establishm­ent do partido está na não descolagem de Jeb Bush. Era suposto que liderasse as sondagens nesta fase, motivando outros a desistir e agregando duas ou três propostas suficiente­mente fortes para o definirem claramente como alguém capaz de travar Hillary Clinton. Nada disto tem acontecido. Apesar da máquina e da maior fatia até agora angariada ( cem milhões de dólares), falta- lhe rasgo, entusiasmo e algum descaramen­to. As bases republican­as não estão para cinzentism­os.

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