Podemos e Ciudadanos esperam usar Catalunha para reconquistar votos
Partidos confiam num bom resultado nas eleições catalãs de 27 de setembro para recuperar de queda nas sondagens nacionais
A última sondagem nacional do Centro de Investigações Sociológicas ( CIS) mostrou uma queda nas intenções de voto nos partidos emergentes em Espanha. Mas Podemos, de Pablo Iglesias, e Ciudadanos, de Albert Rivera, acreditam que podem dar a volta aos números até às eleições gerais – dentro de cerca de quatro meses. E apostam forte nas autonómicas na Catalunha, marcadas para 27 de setembro, para conquistar o terreno perdido.
A sondagem divulgada nesta semana no El Mundo, referente a julho, mostrava o Podemos com 15,7% ( menos 0,8 pontos percentuais do que em abril) e o Ciudadanos com 11,1% ( uma queda de 2,7 pontos em apenas três meses). E mostrava que as estimativas de voto dos dois partidos tradicionais espanhóis – Partido Popular ( 28,2%) e PSOE ( 24,9%) – ultrapassavam os 53% ( ficara abaixo de 50% na sondagem anterior), indicando o início da recuperação do bipartidarismo.
Podemos e Ciudadanos acreditam que terão bons resultados nas eleições autonómicas da Catalunhas e que esse bom resultado irá ajudar a melhorar os números a nível nacional. Os partidos lembram que a sondagem do CIS foi feita numa altura em que se discutiam as alianças pós- municipais e regio- nais, em que acabaram por apoiar socialistas ou populares. “Os nossos eleitores não gostam desse debate entre políticos, mas uma vez superado, a perceção será outra”, indicou o responsável pela Comunicação do Ciudadanos, Fernando del Páramo, ao El País.
A primeira sondagem feita com os eleitores catalães após a apresentação da coligação Junts pel Sí ( Juntos pelo Sim, a lista única de apoiantes da independência do presidente da Generalitat, Artur Mas) mostra que o Ciudadanos conseguirá 21 deputados ( num total de 135), duplicando o número de lugares que tem atualmente.
Com mais representantes, segundo a sondagem JM& A para o jornal espanhol Público, ficará apenas o Junts pel Sí e a lista Cat Sí que es Pot ( Catalunha, sim pode- se). A primeira coligação, formada pela Convergência Democrática da Catalunha, a Esquerda Republicana e uma série de representantes da sociedade civil, conquistaria 59 deputados. A segunda, que junta o Podemos à Iniciativa por Catalunha Verde ( ICV ), está em segundo lugar e poderá conquistar 23 representantes. Em 2012, a ICV ( junto com a Esquerda Unida) conquistou 13 deputados no Parlamento catalão.
Divisão
O caminho da formação política de Pablo Iglesias promete não ser fácil. A falta de definição do Podemos em relação à questão da independência da Catalunha – o líder da Cat Sí que es Pot, Lluís Rabell, é um independentista – levanta dúvidas e já provocou divisões. Um novo movimento de esquerda “livre de nacionalismo”, intitulado Unidos Sí, já está a tentar recolher apoios para poder concorrer às autonómicas. Pretende ser “uma opção distinta para os eleitores do Podemos na Catalunha, que na sua imensa maioria têm uma postura aberta em relação a Espanha e ao mundo”.
Terceira força política segundo as sondagens, o Ciudadanos diz querer ser a “primeira dos constitucionalistas”, isto é, das formações que são contra a independência. A subida do partido de Albert Rivera preocupa não só o PP catalão ( que, segundo a sondagem JM& A, não vai além dos nove deputados), mas também o primeiro- ministro Mariano Rajoy. O Ciudadanos está a tornar- se uma opção para os eleitores de centro- direita que não defendem a independência, mas, ao mesmo tempo, querem castigar o governo nacional. E se Rajoy quer uma derrota das forças independentistas, também não quer perder a liderança do centro- direita.