O melhor fica para o fim. Veloso tenta confirmar vitória no “crono” de hoje
Volta a Portugal. Camisola amarela será o último a partir para a decisiva etapa de hoje. Eduard Prades bateu Samuel Caldeira ao sprint na 8. ª etapa, que não trouxe novidades na classificação geral da competição portuguesa
Só uma recuperação hercúlea de Alejandro Marque ou Jóni Brandão impedirá Gustavo Veloso de sentenciar hoje a vitória na 77. ª edição da Volta a Portugal. A9. ª e penúltima etapa da competição cumpre- se nesta tarde, num contrarrelógio de 34,2 quilómetros entre a praia de Pedrógão e Leiria. Sendo o “crono” uma especialidade para Veloso, tudo leva a crer que o espanhol de 35 anos já pedalará amanhã, rumo a Lisboa, em ritmo de celebração pelo bis na Volta.
A etapa de ontem, que l i gou Guarda a Castelo Branco, numa distância de 180,2 quilómetros, não trouxe novidades no topo da classificação, conforme era expectável – a principal dificuldade, senão única na etapa, era uma contagem de 3. ª categoria ao quilómetro 97,5.
Tradicionalmente, esta tirada convida a que vários ciclistas apostem em fugas para se destacarem. Esta edição, mesmo com temperaturas a rondar os 35 graus, não foi exceção e Samuel Caldeira chegou a estar na linha da frente para ven- cer a 8. ª etapa, mas o seu ex- colega de equipa Eduard Prades foi mais forte e inteligente no sprint final, batendo o português já quase em cima do risco, com uma marca de quatro horas, nove minutos e 44 segundos, também à frente do italiano Davide Vigano, que sofreu um problema na bicicleta nos momentos finais e ficou afastado da luta pela classificação de pontos.
“Senti que tinha pernas para vencer aqui, mas o Edu foi inteligente, esperou pelo momento certo”, l amentou Samuel Caldeira, cada vez mais um ciclista de segunda. E esta expressão não é pejorativa, mas sim aquilo que tem sido a sorte do ciclista português nesta Volta a Portugal, com constantes repetições do 2. º lugar. “Já é a quinta ou sexta vez... Pelo menos, é sinal de que estamos a trabalhar bem”, enalteceu.
Já Eduard Prades, de 27 anos, confirmou o estatuto de um dos bons ciclistas que têm passado pelas estradas portuguesas, juntando a vitória de ontem ao Troféu Joaquim Agostinho que conquistou em 2013. “Correu bem. Escolhi a roda certa e consegui ultrapassá- lo”, contou, referindo- se a Samuel Caldeira, um ciclista que conhece “muito bem”.
Já Gustavo Veloso permanece tranquilo e intocável na liderança. O espanhol agarrou a camisola amarela ao 3. º dia da Volta a Portugal e não mais a largou. Veloso prefere continuar a destacar sempre “o importante trabalho da equipa” W52- Quinta da Lixa, em particu- l ar o desempenho de Delio Fernández.
Hoje, Gustavo Veloso é apontado como o mais forte candidato à vitória no contrarrelógio. Na época passada, o ciclista espanhol não deu a mínima hipótese à concorrência nesta vertente, ao superar o compatriota Víctor de la Parte em 55 segundos, margem que nem precisa de repetir hoje para deixar a vitória na Volta virtualmente assegurada.
Jóni Brandão, a 57 segundos do camisola amarela, já admitiu que Veloso “é muito mais forte” no contrarrelógio, até porque na época passada levou 2,26 minutos de vantagem sobre o português. Delio Fernández está a 14 segundos do seu chefe de equipa, ainda que se mantenha o plano de continuar a escudar Veloso rumo à vitória final.
Tendo em conta que Delio, 2. º classificado, é colega de equipa do camisola amarela, o colégio de comissários optou por colocar Gustavo Veloso no último lugar da lista dos ciclistas que vão entrar hoje no contrarrelógio. Dennis Bakker será o primeiro, às 14.47, e só às 16.45 Gustavo Veloso sairá para a estrada.
Será, precisamente, dois minutos após Jóni Brandão iniciar a sua corrida que Veloso começará a prova, enquanto Marque, a 1,28 segundos da liderança, vai partir às 16.39, dois minutos antes de Delio Fernández. Marque poderá, inclusive, ser o maior rival de Veloso na etapa, uma vez que venceu o contrarrelógio de 2013, com 36 segundos de vantagem sobre o adversário.