Diário de Notícias

PS recupera Edson depois de 3 dias de novo publicitár­io na campanha

Outdoors. Três dias depois, cartazes com falsos desemprega­dos, feitos por Vítor Tito, foram substituíd­os. Direção da campanha de Costa volta a recorrer a Edson Athayde. Imagem é recentrada no líder.

- J OÃO PE DRO HENRI QUES

Vítor Tito, publicitár­io do Porto, já com um longo historial de colaboraçã­o com o PS, foi – embora o próprio recuse confirmá- lo ao DN – o criativo da controvers­a campanha de outdoors que levou na sexta- feira os socialista­s a “um pedido de desculpas públicas, em especial às pessoas implicadas”.

A campanha foi ontem substituíd­a por uma nova, em que o protagonis­ta é António Costa ( ver foto principal). A mudança de agulhas urgente obrigou a direção de campanha a voltar a recorrer a Edson Athayde, que pensou e desenhou os novos cartazes. Não é claro, por ora, se Vítor Tito continuará ou não a colaborar com o PS. Para já, é Edson quem fica à frente da imagem da campanha. E para amanhã está prevista uma conferênci­a de imprensa de apresentaç­ão de novos materiais de campanha do partido: novas páginas na net, um novo jornal de campanha, novos cartazes.

Edson esteve debaixo de fogo de dirigentes do PS e das redes sociais por causa de um cartaz do partido, afixado antes da curta campanha dos outdoors sobre desemprego – ontem removida. Mas aí o problema não foi de conteúdo – foi antes estético. A imagem foi comparada à que costuma caracteriz­ar a propaganda de seitas religiosas.

Vítor Tito, o autor da campanha do desemprego que não durou mais de três dias, é administra­dor da BBZ, uma agência j á com 20 anos de existência.

A título pessoal, ajudou nas últimas autárquica­s o candidato do PS à Câmara do Porto, Manuel Pizarro. Dirigentes do partido recordam também que colaborou com António Costa em campanhas deste para a Câmara de Lisboa – tendo a sua agência a autarquia no seu portfólio de clientes.

Neste ano já foi várias vezes objeto de notícia devido a um contencios­o que a BBZ mantém com a Câmara Municipal do Porto. A empresa, concorrent­e no concurso para a reabilitaç­ão e concessão do Pavilhão Rosa Mota, acusou o presidente da autarquia, o independen­te Rui Moreira, de ter montado o concurso à medida de um outro concorrent­e, um consórcio que inclui a Associação Comercial do Porto, a que Moreira presidiu durante muitos anos antes de ser presidente da autarquia.

A controvers­a campanha socia- lista a que Tito esteve agora ligado, centrada no problema do desemprego, ganhou foros de quase escândalo por duas razões: num dos cartazes surgia uma senhora a dizer que estava desemprega­da há cinco anos – ou seja, desde o tempo do governo do PS liderado por José Sócrates. Assim que publicitad­a nas redes sociais – o DN teve dela conhecimen­to na quinta- feira passada através do Twitter de Tiago Barbosa Ribeiro, líder concelhio do PS no Porto –, começou logo a gerar bastante controvérs­ia, precisamen­te por a data de despedimen­to da personagem do cartaz remeter para a era Sócrates. Há quem garanta a pés juntos que a imagem nunca chegou a ser afixada– isto é, nunca se transformo­u na verdade num cartaz público, circulou apenas em doses maciças no espaço digital.

“Aquela informação é falsa” A segunda polémica com a mesma série de cartazes – quatro, com quatro histórias diferentes de desemprego e envolvendo quatro personagen­s diferentes – surgiu na sexta- feira à noite, com o outdoor que mostramos na foto pequena.

A figurante, Maria João, revelou ao jornal online Observador que aquela história não era sua. “Aquela afirmação é falsa”, disse. “Eu não estou desemprega­da desde 2012. Não me podem envolver desta maneira. Aqueles dados são mentira”, contou.

Maria João terá sido recrutada para a figuração na Junta de Freguesia de Arroios, em Lisboa, através da sua presidente, Margarida Martins, eleita pelo PS.

Margarida Martins esclarece Ontem, numa nota que colocou no Facebook, a autarca afirmou que de facto foi “contactada pela organizaçã­o da campanha do Par- tido Socialista, no sentido de identifica­r possíveis figurantes para integrarem uma campanha de outdoors que iria sair em breve”. E que falou com “alguns colaborado­res da Junta de Freguesia no sentido de saber se queriam ou não integrar a campanha do PS”. Em relação aos que se voluntaria­ram – Maria João terá sido um dos casos –, colocou- os em contacto

A agência do publicitár­io do Porto tem a Câmara de Lisboa entre os seus clientes

com a organizaçã­o do partido. “A responsabi­lidade do que se passou, posteriorm­ente, é da organizaçã­o de campanha do partido”, acrescento­u – recusando portanto qualquer responsabi­lidade na forma como foi utilizada a imagem de Maria João.

Face às declaraçõe­s da figurante, o PS pediu desculpas e, além do mais, anunciou que iria solicitar “esclarecim­entos pormenoriz­ados aos fornecedor­es e prestadore­s de serviços, bem como todas as informaçõe­s necessária­s a que se possa avaliar o procedimen­to seguido”. Também salientou explicitam­ente que o seu autor não fora Edson Athayde. “Cartazes de mentira” O DN tentou ontem – em vão – contactar o diretor da campanha do PS, Ascenso Simões, para fazer um ponto da situação nesses “esclarecim­entos pormenoriz­ados”.

Ontem à noite, na SIC, Luís Marques Mendes, ex- líder do PSD, comentou a semana política dizendo que “o PS só dá tiros nos pés”. “Esta foi a chamada semana horribilis para o PS. Nunca António Costa deve ter tido umas férias tão penosas.” E concluiu: “Afinal o PS fala de confiança mas destrói a confiança com base em cartazes de mentira.”

Para já, depois do novo cartaz – convencion­al tanto na estética como na mensagem –, Edson parece sobreviver como publicitár­io colaborado­r do partido. Colaboraçã­o que ocorreu pela primeira vez há 20 anos, na campanha que levou António Guterres a primeiro- ministro.

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PS substituiu os carta zes da polémica em Lisboa durante a manhã de ontem, com a campanha do desemprego a dar lu gar a Costa com a mensagem “É tem - po de confiança”
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Maria João diz que não deu consentime­nto para usarem o seu rosto
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