Diário de Notícias

Steve Jobs ressurge no cinema numa interpreta­ção de Fassbender

A personalid­ade de Steve Jobs volta a ser tema de um filme, desta vez dirigido por Danny Boyle, com argumento de Aaron Sorkin. Michael Fassbender interpreta o mago da Apple, Seth Rogen é Steve Wozniak

- J OÃO LO PE S

Decididame­nte, a existência cinematogr­áfica de Steve Jobs ( 1955- 2011) não é simples. Há cerca de dois anos, o filme Jobs, de Joshua Michael Stern, com Ashton Kutcher no papel do mago dos computador­es Apple, deixou em quase todos os espectador­es a sensação paradoxal de um retrato caloroso mas superficia­l. Entretanto, o documentar­ista Alex Gibney, autor de A Mentira de Armstrong, sobre o ciclista Lance Armstrong, realizou Steve Jobs: The Man in the Machine ( estreado em março no festival South by Southwest, de Austin, Texas). Em todo o caso, podemos apostar que os próximos meses vão estar marcados por muitas discussões e especulaçõ­es, pró ou contra, motivadas pelo filme Steve Jobs.

O lançamento de Steve Jobs nas salas americanas ocorrerá a 9 de outubro, seis dias depois da sua primeira apresentaç­ão pública, no Festival de Cinema de Nova Iorque; o filme estará depois na gala de encerramen­to, a 18 de outubro, do Festival de Londres ( estreia portuguesa: 12 de novembro). Tendo em conta os sobressalt­os que marcaram a produção, o mínimo que se pode dizer é que haverá nele alguma fidelidade às ideias e às emoções mais íntimas da sua figura central. Trata- se, de facto, de uma adaptação da biografia homónima, escrita por Walter Isaacson a pedido do próprio Jobs ( o livro foi lançado em 2011, cerca de três semanas passadas sobre o seu faleciment­o, a 5 de outubro).

Steve Jobs tem realização de Danny Boyle, o inglês que assinou, por exemplo, Trainspott­ing ( 1996), filme de culto sobre um grupo de toxicodepe­ndentes, e A Praia ( 2000), adaptação do best- seller de Alex Garland, com Leonardo DiCaprio. Em todo o caso, na gestação do projeto terá sido decisiva a personalid­ade do argumentis­ta Aaron Sor kin, responsáve­l pela adaptação do livro de Isaacson. Pormenor revelador: no dia 27 de julho, ao anunciar a passagem do filme no Festival de Nova Iorque, The Holly - wood Reporter, publicação de referência da indústria americana, identifica­va- o no título da sua notícia como “Steve Jobs, de Aaron Sorkin”.

Como muitas vezes acontece em Hollywood, a entrada do argumentis­ta no projeto aconteceu antes da escolha do realizador. Assim, foi a Sony Pictures que contratou Sorkin, logo após a aquisição dos direitos de adaptação da biografia de Isaacson ( negociação que decorreu ainda antes da sua chegada às livrarias). E foi o próprio Sorkin que, no final de 2011, revelou que, além de ter contado com o aconselham­ento de Steve Wozniak ( também cofundador da Apple), estava a trabalhar numa estrutura narrativa que dividiria o filme em três grandes cenas de cerca de meia hora, apenas com ligeiros desvios para inserir algumas memórias emblemátic­as da vida de Jobs. Matéria específica dessas cenas: os lançamento­s das máquinas com que Jobs revolucion­ou a informátic­a e, mais do que isso, a vida quotidiana de milhões de consumidor­es. Ou seja: o computador pessoal Macintosh, depois celebrizad­o como Mac, em 1984; o NeXT, em 1988, quando Jobs foi afastado da Apple; e, por fim, o iMac, em 1988, de novo sob o signo da Apple.

A constituiç­ão da equipa do filme foi tudo menos pacífica. No início de 2014, já com o argumento concluído, pareciam estar reunidas as condições para ser David Fincher a assumir a realização – seria, assim, o reencontro da dupla que esteve na base de A Rede Social ( 2010), sobre Mark Zuckerberg e o nascimento do Facebook ( que valeu a Sorkin um Óscar de melhor argumento adaptado). Depois de o nome de George Clooney ter circulado como uma hipótese para interpreta­r Jobs, Fincher escolheu Christian Bale. O certo é que, em abril, se afastou do projeto, tanto quanto se sabe por divergênci­as contratuai­s com a Sony – foi aí que surgiu a escolha de Danny Boyle.

Proliferar­am, então, as notícias sobre a hipótese de Jobs vir a ser interpreta­do por Leonardo DiCaprio, Ben Affleck, Matt Damon... Até Christian Bale voltar a ser anunciado. Aliás, em entrevista ao canal Bloomberg, a 23 de outubro, foi o próprio Sorkin a considerar que se tinha encontrado o “melhor ator” para o papel. Até que a 11 de novembro surgiu a notícia mais inesperada: Bale afastava- se definitiva­mente, consideran­do que “não era a escolha certa”. Michael Fassbender acabou por ser o eleito para interpreta­r Jobs, não sem que o projeto sofresse mais uma reviravolt­a também muito típica de Holly wood, com a Sony a desinteres­sar- se do filme, acabando por ser assumido pelos estúdios da Universal.

Além de Fassbender, o elenco de Steve Jobs conta, entre outros, com os nomes de Kate Winslet ( no papel de Joanna Hoffman, que integrou os projetos Mac e NeXT ), Jeff Daniels ( John Sculley, CEO da Apple no período 1983- 93) e Seth Rogen ( Steve Wozniak). Será, por certo, um dos títulos a ter em conta na corrida aos próximos Óscares ( a atribuir a 28 de fevereiro de 2016). Entretanto, confirmand­o a sedução e a mitologia da personagem, nos EUA, a Ópera de Santa Fé acaba de anunciar a produção de uma ópera intitulada A Revolução de Steve Jobs – tem música de Mason Bates, libretto de Mark Campbell e estrear- se- á em 2017( ver caixa).

 ??  ?? Vários nomes foram surgindo como protagonis­tas do filme: Leonardo DiCaprio, Ben Affleck, Matt Damon e Christian Bale. Coube, afinal, a Michael Fassbender ser Steve Jobs
Vários nomes foram surgindo como protagonis­tas do filme: Leonardo DiCaprio, Ben Affleck, Matt Damon e Christian Bale. Coube, afinal, a Michael Fassbender ser Steve Jobs
 ??  ?? Aaron Sorkin fez a adaptação da biografia de Jobs escrita
por Walter Isaacson
Aaron Sorkin fez a adaptação da biografia de Jobs escrita por Walter Isaacson

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal