Diário de Notícias

O Carnaval de Buraka e as farpas de Carlão

Sexta- feira foi a noite dos portuguese­s com os Buraka Som Sistema e Carlão ( e convidados, um deles muito inesperada). Público respondeu com danças, gritos e vuvuzelas

- CATARINA FERREIRA

A terceira noite do Festival MEO Sudoeste não foi exclusivam­ente portuguesa, mas bem que o podia ter sido. Nada digno de memória futura se passou ali que não fosse português. O pódio fica então para Carlão e os Buraka Som Sistema – estes últimos já não atuavam no Sudoeste há seis anos. No regresso do Karnaval, trouxeram à herdade da Casa Branca os seus trunfos: a mestre de cerimónias Blaya e as suas danças incendiári­as, Kalaf, e também um monte de vuvuzelas para o público fazer “muito barulho”. A audiência, enlouqueci­da, dançou agachada ao som de êxitos como Kalemba ( Wegue Wegue) ou ( We Stay) Up All Night. Pelo meio, como numa alucinação coletiva, apareceu Ana Moura para cantar o fado Até ao Verão e logo depois fugiu. O público esfregou os olhos, ela já não estava lá, e continuou tudo a dançar. Na mesma noite, Carlão apresentou o seu novo disco Quarenta. Respaldado por um quarteto de cordas, para as quais até vestiu um fato para cantar e receber o seu amigo Dino D’Santiago. Mais tarde surgiu de vestes mais despojadas e pronto para disparar em todas as direções. Principais alvos: os DJ da pen, José Sócrates, e o BPN e o BES, a que dedicou Colarinho Branco, acompanhad­o pelo seu amigo DJ Glue. Mais tarde, o público teve direito à presença de outra das grandes da música portuguesa, Sara Tavares, que com ele cantou Bla Bla Bla e Crioula Rainha. O êxito Os Tais fechou o concerto com o público em histeria.

Jimmy P. parece ter sido beneficiad­o pelo mau tempo de sexta- feira. “Não contava ter tanta gente aqui para me ver no Sudoeste”, confessou. Mas houve muito quem o quisesse ver e cantar entusiasma­damente temas como On Fire ou Storytelle­rs. Carolina Deslandes atuou na hora de jantar e, apesar da popularida­de de que goza o seu

Blaya e as suas coreografi­as incendiári­as single top nas rádios nacionais, a sua prestação esforçada foi debalde – estavam escassas centenas presentes para a ver. Agir, em contrapart­ida, teve uma legião de fãs à espera, e que abanou com temas como Deixa- Te de Merdas, e respondeu à provocação com beijos apaixonado­s entre casais.

No palco principal, a performanc­e do coletivo britânico Clean Bandit parecia datada. Quando as suas violinista­s e violonceli­stas não são as protagonis­tas, fazem lembrar sonoridade­s antigas de bandas como os extintos Ace of Base ou Everything But The Girl. Para encerrar a sua atuação, apresentar­am Na folia, com o intrincado das coreografi­as, e saltos e encontrões que por ali se dão, muitos objetos ficam perdidos na multidão. Segundo o capitão Carvalho, no posto da GNR montado no recinto a maioria dos objetos perdidos são “telemóveis, cartões, carteiras e chaves do carro”. E regista com especial contentame­nto que tem “muitos clientes felizes”. Isto porque há imensa gente da segurança e campistas a entregar objetos perdidos no posto. “Isto é um festival muito honesto”, graceja o capitão. No momento em que estamos à conversa surge uma miúda em busca do seu iPhone perdido nos concertos da véspera. Chama- se Inês, veio de Faro e agora está toda contente: “Já não estava à espera de encontrar o meu iPhone” e sai logo a falar ao telefone, a comentar o feliz reencontro com o seu aparelho de 600 euros.

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