Diário de Notícias

Filme de guerra em tom “psicológic­o”

- JOÃO LOPES RUI PEDRO TENDINHA

ATÉ À ETERNIDADE Mais uma reposição de verão que se saúda ( de um filme que, em qualquer caso, em 2013, também esteve em exibição). Se é verdade que existe uma vertente “psicológic­a” do chamado filme de guerra de Hollywood, então não há dúvida de que este From Here to Eternity, datado de 1953, baseado no best- seller homónimo de James Jones, constitui um dos seus mais brilhantes exemplos. Em cena estão os bastidores dos combates, mais exatamente o dia- a- dia de uma unidade militar americana dos EUA no Pacífico, em 1941 ( nos meses que antecedera­m o ataque japonês a Pearl Harbor). A teia dramática que assim se gera envolve personagen­s masculinas e femininas, num envolvimen­to pouco comum para a época, a ponto de a célebre sequência do beijo de Burt Lancaster e Deborah Kerr, envolvidos pelas ondas do oceano, ter conquistad­o um lugar simbólico na mitologia erótica do cinema da década de 50. Arrebatou oito Óscares, incluindo os de melhor filme, realização, ator secundário ( Frank Sinatra) e atriz secundária ( Donna Reed). Uma mensagem no Twitter do realizador Josh Trank terá denunciado que o estúdio 20th Century Fox estragou o seu filme. Se for verdade, não espanta. Este reboot está remendado do começo ao fim. Neste baralha e dá de novo, ficamos a saber que o Senhor Fantástico era um menino nerd com jeito para engenhocas científica­s e que é levado para uma escola especial onde desenvolve uma invenção que permite teletransp­ortar matéria. Mais tarde, fica amigo do Doutor Destino e juntos criam a máquina topo de gama de teletransp­ortação. O resto já se sabe, ficam com superpoder­es. Além de um tom sorumbátic­o, armado à nonsense, o filme tem uma propensão dramática sempre histérica e excessivam­ente pesada para o formato de exposição de efeitos visuais. O seu maior equívoco é apontar num público juvenil e depois dar- lhe uma gravidade toda pimpona, a la Batman de Chris Nolan. Não resulta. Mesmo com todo o estardalha­ço, falta impacto. E talentos como Milles Teller ou Toby Bell estarem lá ou não estarem é igual...

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