Diário de Notícias

Michael Phelps começa a recuperar forma de bala para o Rio 2016

Atleta mais medalhado de sempre em Jogos Olímpicos não está nos Mundiais de Kazan, mas parece de volta à sua melhor versão

- RUI F R I A S

Michael Phelps não esteve presente nos Mundiais que terminam hoje em Kazan, na Rússia, mas conseguiu ser o protagonis­ta daquela que será provavelme­nte, por estes dias, a melhor notícia possível para o universo da natação. Nos campeonato­s norte- americanos que decorrem em San Antonio, no Texas, o atleta mais medalhado da história dos Jogos Olímpicos ( 22 medalhas, 18 delas de ouro) mostrou que está de volta à sua melhor versão e venceu os 200 metros mariposa com a melhor marca mundial dos últimos seis anos.

O tempo de um minuto, 52 segundos e 94 centésimos ter- lhe- ia dado o ouro neste campeonato do mundo ( Laszlo Cseh venceu a prova em 1: 53.48), do qual Phelps está ausente como parte do castigo que lhe foi imposto pela federação norte- americana depois de ter sido apanhado pela segunda vez a con- duzir sob influência do álcool, em outubro passado. A marca obtida por Michael Phelps no Texas é a oitava melhor da história nos 200 mariposa ( sete delas são do norte- americano) e a melhor desde que em 2009 estabelece­u o recorde mundial em 1: 51.51, nuns Mundiais de Roma marcados pela chuva de recordes proporcion­ados pelos “fatos tecnológic­os” que seriam depois banidos pela federação internacio­nal de natação ( FINA).

À entrada para o último ano de preparação até aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, este é um motivo de celebração: o melhor nadador de sempre recupera a forma de bala que lhe valeu a sua mais famosa alcunha (“A Bala de Baltimore”). E acrescenta um condimento extra à lenda de Michael Phelps, o homem- peixe que revolucion­ou não só a natação como a história olímpica – ao ganhar oito medalhas de ouro numa só edição dos Jogos, em Pequim 2008, e ao fixar o máximo de medalhas por um só atleta em 22, das quais 18 de ouro ( re- corde absoluto, também), ao longo de três edições.

Conquistad­o o Olimpo, Michael Phelps anunciou a retirada, após os Jogos de Londres, aos 27 anos. “Consegui atingir tudo aquilo a que me propus. É tempo de mudar a página”, justificou. Mas continuou a ser notícia. Quase sempre por más razões: festas excessivas, namoradas polémicas, experiênci­as com drogas e, sobretudo, uma relação peri- gosa com o álcool que o levou a ser apanhado duas vezes a conduzir ébrio, a última das quais custou- lhe o lugar nestes Mundiais de Kazan.

Sim, porque, entretanto, Michael Phelps aborreceu- se da pré- reforma e voltou às piscinas, em abril de 2014. Quis estabelece­r mais um desafio consigo próprio: o de que, apesar de todas as borgas e excessos a que entregara corpo e mente, ainda seria capaz de voltar a ser o mais forte em 2016, aos 31 anos, no Rio de Janeiro.

A forma como ganhou os 200 metros mariposa em San Antonio, na madrugada de ontem em Portugal, mostra que o corpo de Phelps está a retomar o aspeto de bala que lhe deu fama. “Neste ano que vem vai ser divertido”, comentou, após a vitória, o norte- americano, que garante não ter voltado a beber uma pinga de álcool desde que em outubro passado foi suspenso por seis meses: “Prometi a mim mesmo que não volto a beber até terminarem os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, se é que alguma vez vou voltar. Claro que às vezes dá vontade de beber uma cerveja no jardim de casa, mas se quero voltar a fazer as coisas bem tenho de fazer sacrifício­s.”

O seu treinador de sempre, Bob Bowman, garante que Phelps não falhou um único treino desde que voltou às piscinas, depois da suspensão que o levou até a fazer terapia com os Alcoólicos Anónimos, num nível de compromiss­o que não mostrava desde a preparação para Pequim 2008. Aos 30 anos, e depois de várias lutas consigo próprio, o fenómeno de Baltimore voltou a levantar o dedo indicador para festejar uma vitória. O n. º 1 da natação está de regresso.

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