Diário de Notícias

Campanha é nome de guerra

- Da setting. sortie, marketing rentrée rentrée, agen- reprise,

OJOSÉ ADELINO MALTEZ espectácul­o desta teatrocrac­ia exige a cena da para que se cumpra o

Um qualquer golpe verboso que disfarce a porque ninguém reparou numa prévia

neste verão das insolações. Campanha é, há muito, nome de guerra, onde o dito correspond­e à coisa nomeada. Porque há quem se gaste pelo mau uso e quem se prostitua pelo abuso. Até da palavra. No entanto, os relatórios operaciona­is parecem estar de acordo com os manuais de estratégia do

político, em tempo de “resiliênci­a” dos empatas. Logo, quanto maior é a indecisão sobre aos resultados, mais intensa tem de ser a subversão a partir dos aparelhos de poder, sobretudo em campanhas negras, vindas mais da “psico” que da “agitprop”. Daí que seja mais útil um traidor colaboraci­onista do que muitos capturados em combate. Porque as piores guerras são aquelas em que os contendore­s não se reconhecem em plena guerra. Porque, então, os pretensos brandos costumes passam a hipocrisia. E vale tudo, para a conquista do planalto do centrão, o tal que vive de um milhão de eleitores bailarinos, que costumam assegurar o rotativism­o, fabricado pela bipolariza­ção. Não há mesmo nenhuma, mas a rotina do “viver habitualme­nte”, onde “o essencial do poder” é o situacioni­smo do “procurar manter- se”, instrument­alizando o medo de mudar de quem teme o risco. Daí os que os líderes em campanha nos infantiliz­em e imbecilize­m, supondo que a maioria não pode crescer por dentro. Daí que baste um deles fazer visita de soberania à província, numa autarquia amiga, com desfile de bombeiros, prova de vinhos e muitos emplastros da secção local do partido, mobilizada pelo escolhido pelo diretório, para o próximo figurante em São Bento, esse simulacro de um parlamento com muitas filas sem autonomias individuai­s. O maquiaveli­smo parece sempre ter razão no curto prazo do político. A médio prazo, tende a ser uma má política e uma péssima moral. Mas o chamado estadão sempre admitiu uma fraude política, a ligeira, a tal que consiste na desconfian­ça e na dissimulaç­ão, aconselháv­el a qualquer ministro, ou ex- ministro. Quem não quer o mais do mesmo apenas pode fazer aos sondageiro­s o gesto do Zé Povinho e partir a loiça. Incluindo a porcelana do “marketeiro­s”.

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