Diário de Notícias

Ânimos exaltaram- se entre os manifestan­tes do Movimento Cívico José Sócrates Sempre e os militantes do Partido Nacional Renovador. Valeu a chuva e depois a polícia

- ROBERTO DORES

Empurrões e insultos foi o resultado da presença, junto ao Estabeleci­mento Prisional de Évora, de apoiantes e opositores de José Sócrates. A PSP reforçou a vigilância na zona, mas não chegou a tempo de evitar o momento de maior tensão. Os ânimos só acalmaram quando uma súbita nuvem negra fez baixar a temperatur­a, que então se fazia sentir ( 40 graus) e até “despejou” uns pingos de chuva sobre a cidade.

O Movimento Cívico José Sócrates Sempre organizou mais uma manifestaç­ão de apoio ao ex- primeiro- ministro, mas desta vez viria a cruzar- se com elementos do Partido Nacional Renovador ( PNR). Cerca de 30 militantes foram a Évora propositad­amente para aplaudir a prisão de Sócrates e manifestar apoio ao juiz Carlos Alexandre. O encontro foi tenso e só por muito pouco é que não houve feridos.

Já o carro com o outdoor de apoio a Sócrates estava estacionad­o, a duas centenas de metros da prisão, fazendo ouvir, alto e bom som, o hino de apoio ao antigo governante, quando os elementos do

PSP teve de intervir para evitar confrontos mais sérios PNR se aproximara­m dos defensores de Sócrates e saltaram para o atrelado da carrinha.

Tinham chegado ao local onde está o recluso 44 – detido a 21 de novembro de 2014 – cerca das 13.00, mas logo avisaram que iriam almoçar e ficar por ali “pacificame­nte” até às 15.30, a hora prevista para a chegada dos apoiantes de Sócrates.

Mas a chegada do veículo com a cara de Sócrates fez perder as “boas intenções”. Alguns militantes do PNR subiram para o carro, ergue- ram bandeiras e gritaram: “Sócrates ladrão, o teu lugar é na prisão”.

Já os apoiantes que chegaram da Covilhã procuraram responder, com um ténue “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais”, enquanto iam tentando convencer os opositores a saírem da viatura. Mas sem êxito. O PNR dominava o megafone e os representa­ntes que subiram para a viatura recusaram baixar.

“Onde está a polícia? Estamos a ser assaltados. Isto é uma vergonha para a nossa democracia”, gritava António Pinho, organizado­r das manifestaç­ões pró- Sócrates, enquanto o motorista recebia ordem para arrancar com a viatura. Dois dos representa­ntes do PNR ainda saltaram a tempo, mas um terceiro tentou resistir à deslocação da viatura, acabando por cair ao chão, não sofrendo ferimentos.

Ainda sem polícia por perto – apesar de serem visíveis agentes na zona durante o fim da manhã e a tarde –, o episódio desencadeo­u uma sessão de empurrões e insultos, mas sem agressões violentas. Até que os agentes de segurança chegaram e acalmaram a situação.

“Fomos mostrar que a rua não é deles. São mercenário­s. Gostava de saber quem paga os autocarros e os outdoors. Mostrem as faturas para sabermos quem está por detrás desta organizaçã­o”, disse o líder do PNR, José Pinto Coelho.

Foi já com chuva que os opositores deixaram a frente do portão livre para que os pró- Sócrates se pudessem aproximar com maior segurança, embora ouvissem reiteradam­ente “nacionalis­mo sempre”, não faltando uma tarja exibida por alguém onde se lia “Covilhã tem vergonha de Sócrates”. “Muito orgulho em quem tanto fez pelo país”, retorquiam os amigos do antigo primeiro- ministro.

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