Ânimos exaltaram- se entre os manifestantes do Movimento Cívico José Sócrates Sempre e os militantes do Partido Nacional Renovador. Valeu a chuva e depois a polícia
Empurrões e insultos foi o resultado da presença, junto ao Estabelecimento Prisional de Évora, de apoiantes e opositores de José Sócrates. A PSP reforçou a vigilância na zona, mas não chegou a tempo de evitar o momento de maior tensão. Os ânimos só acalmaram quando uma súbita nuvem negra fez baixar a temperatura, que então se fazia sentir ( 40 graus) e até “despejou” uns pingos de chuva sobre a cidade.
O Movimento Cívico José Sócrates Sempre organizou mais uma manifestação de apoio ao ex- primeiro- ministro, mas desta vez viria a cruzar- se com elementos do Partido Nacional Renovador ( PNR). Cerca de 30 militantes foram a Évora propositadamente para aplaudir a prisão de Sócrates e manifestar apoio ao juiz Carlos Alexandre. O encontro foi tenso e só por muito pouco é que não houve feridos.
Já o carro com o outdoor de apoio a Sócrates estava estacionado, a duas centenas de metros da prisão, fazendo ouvir, alto e bom som, o hino de apoio ao antigo governante, quando os elementos do
PSP teve de intervir para evitar confrontos mais sérios PNR se aproximaram dos defensores de Sócrates e saltaram para o atrelado da carrinha.
Tinham chegado ao local onde está o recluso 44 – detido a 21 de novembro de 2014 – cerca das 13.00, mas logo avisaram que iriam almoçar e ficar por ali “pacificamente” até às 15.30, a hora prevista para a chegada dos apoiantes de Sócrates.
Mas a chegada do veículo com a cara de Sócrates fez perder as “boas intenções”. Alguns militantes do PNR subiram para o carro, ergue- ram bandeiras e gritaram: “Sócrates ladrão, o teu lugar é na prisão”.
Já os apoiantes que chegaram da Covilhã procuraram responder, com um ténue “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais”, enquanto iam tentando convencer os opositores a saírem da viatura. Mas sem êxito. O PNR dominava o megafone e os representantes que subiram para a viatura recusaram baixar.
“Onde está a polícia? Estamos a ser assaltados. Isto é uma vergonha para a nossa democracia”, gritava António Pinho, organizador das manifestações pró- Sócrates, enquanto o motorista recebia ordem para arrancar com a viatura. Dois dos representantes do PNR ainda saltaram a tempo, mas um terceiro tentou resistir à deslocação da viatura, acabando por cair ao chão, não sofrendo ferimentos.
Ainda sem polícia por perto – apesar de serem visíveis agentes na zona durante o fim da manhã e a tarde –, o episódio desencadeou uma sessão de empurrões e insultos, mas sem agressões violentas. Até que os agentes de segurança chegaram e acalmaram a situação.
“Fomos mostrar que a rua não é deles. São mercenários. Gostava de saber quem paga os autocarros e os outdoors. Mostrem as faturas para sabermos quem está por detrás desta organização”, disse o líder do PNR, José Pinto Coelho.
Foi já com chuva que os opositores deixaram a frente do portão livre para que os pró- Sócrates se pudessem aproximar com maior segurança, embora ouvissem reiteradamente “nacionalismo sempre”, não faltando uma tarja exibida por alguém onde se lia “Covilhã tem vergonha de Sócrates”. “Muito orgulho em quem tanto fez pelo país”, retorquiam os amigos do antigo primeiro- ministro.