Emigrantes e lesados pelo BES protestam em Lisboa
MANIFESTAÇÃO Emigrantes e detentores de papel comercial do BES unem- se hoje num megaprotesto, a partir das 11.00, na Av. Liberdade, Lisboa. Na sede do Novo Banco deverão juntar- se pelo menos mil dos 7 mil emigrantes e mais de 2500 detentores de papel comercial que reclamam respetivamente 720 e 530 milhões de eu ros.“Este protesto vai ser ou vai ou racha. As pes soas estão cansadas, desesperadas e a associação já não consegue refrear ânimos”, disse Rui Alves, lesado do papel comercial. Com o prazo para aceitar ou rejeitar a proposta do Novo Banco a acabar ( têm até 31 de agosto para aceitar trocar 60% do capital inicial por obrigações e até 30% em depósitos a prazo), os emigrantes ameaçam “nunca mais enviar um tostão para Portugal”. Luís Marques, do Movi men - to dos Emigrantes Lesados, diz que vai “usar contactos em toda a Europa para se saber o que nos fizeram”. Suspeito de corrupção passiva, fraude fiscal e branqueamento de capitais na Operação Marquês, Armando Vara já apresentou recurso contra a prisão domiciliária com vigilância eletrónica, imposta pelo juiz Carlos Alexandre. Aparentemente, o magistrado entendeu existir um perigo de fuga do arguido, algo que será contestado no recurso entregue no Tribunal da Relação de Lisboa.
Armando Vara foi detido no início do mês no âmbito do mesmo processo que envolve José Sócrates. As suspeitas que recaem sobre o amigo do ex- primeiro- ministro estarão relacionadas com a sua passagem pela Caixa Geral de Depósitos como administrador. Terá sido nesta qualidade que Armando Vara acompanhou o processo de financiamento do banco público ao empreendimento de luxo de Vale do Lobo.
A par deste processo negocial, o Ministério Público terá identificado um conjunto de fluxos financeiros, os quais terão totalizado dois milhões de euros, que tiveram início numa conta do empresário Helder Bataglia ( um dos donos de Vale do Lobo), passaram por Joaquim Barroca ( administrador do Grupo Lena), terminando numa conta de uma sociedade offshore detida pela filha do ex- gestor da CGD, Bárbara Vara. Esta última também terá sido alvo de buscas no mesmo dia em que o seu pai foi detido para interrogatório judicial. Além da prisão domiciliária, Armando Vara ficou proibido de contactar com os outros arguidos do processo, por existir o risco de perturbação do inquérito.
No recurso, a defesa do antigo banqueiro deverá alegar inexistência dos perigos invocados pelo Ministério Público e subscritos pelo juiz. Os advogados deverão recordar ao Tribunal da Relação de Lisboa que Armando Vara se encontra já condenado em primeiro instância a cinco anos de prisão, no âmbito do processo Face Oculta, com um recurso a ser analisado no Tribunal da Relação do Porto. E, como arguido neste processo, sempre que se ausentou do país, Armando Vara informou o processo – tal como é exigido com o Termo de Identidade e Residência. Por agora, o recurso está a ser analisado pelo Ministério Público, que ainda vai responder.