Queda do ouro torna inviável exploração em Portugal
Preço do ouro caiu 40% desde 2011. Investimento de 66 milhões anunciado para Jales está praticamente parado
A queda do preço do ouro, negociado já abaixo de 1100 dólares a onça troy ( 31,1 gramas), um novo mínimo dos últimos cinco anos, está a obrigar os investidores a repensarem os projetos de exploração de minas anunciados para Portugal.
Em julho de 2012, por exemplo, o consórcio entre a empresa canadiana Almada Mining e a EDM – Empresa de Desenvolvimento Mineiro anunciou um investimento de 66 milhões de euros para a exploração experimental das minas de Jales, em Vila Pouca de Aguiar ( Trás- os- Montes), de onde não sai uma grama de ouro há mais de 20 anos. Na mesma data foram assinados pelo governo português mais três contratos para pesquisa de minérios, desde ouro e prata a chumbo, zinco ou cobre. Dos milhões prometidos para Jales, apenas 26 milhões foram gastos em prospeção, perfurações e estudos de viabilidade económica. O projeto está praticamente parado.
Porquê? A descida do ouro leva a que um “vasto conjunto de contactos de investidores” se restrinja aos “contratos de prospeção e pesquisa e de exploração por um período experimental”, reconhece o gabinete de Artur Trindade, secretário de Estado da Energia, em resposta ao DN/ Dinheiro Vivo. Na realidade, na altura em que os canadianos anunciaram o investimento, o ouro negociava acima de 1600 dólares a onça troy, depois de em 2011, em plena crise financeira, ter atingido um pico de 1800 dólares. Hoje, está cotado entre 1070 e 1090 dólares. São menos 700 dólares a onça, uma quebra de 40%.
Muita coisa mudou nos últimos anos: a economia da China, o maior consumidor mundial de matérias- primas, está a abrandar; e o dólar está mais forte, o que leva a uma descida das matérias- primas, cotadas na moeda norte- americana. O pior é que a Reserva Federal dos EUA ( Fed) deverá subir
Portugal, depois do fecho de Jales, em meados dos anos 1990, não tem hoje uma única mina de ouro ativa as taxas de juro já em setembro, pela primeira vez em quase dez anos, tornando o dólar mais atrativo... e o ouro menos.
Mark Bristow, CEO da Randgold Resources, a empresa de mineração com melhor desempenho na última década, prevê que o preço do ouro possa descer para a casa dos 800 dólares a onça. “É uma possibilidade muito real”, avisou, em declarações à Bloomberg.
A Almada Mining, detida a 100% pela Petaquillha Minerals, prevê divulgar os resultados dos 17 mil metros de perfuração no último trimestre de 2015. Se existir ouro suficiente e o preço permitir a viabilidade económica da mina, serão então investidos os restantes 40 milhões de euros prometidos em 2012. A empresa detém uma licença para produzir, numa primeira fase, até 30 mil onças de ouro. Mas é pouco provável o regresso aos tempos áureos de Jales: os baixos teores de corte ( taxa de rentabilidade), entre 4,5 a 6 gramas por tonelada de ouro “não são passíveis de exploração devido aos preços baixos do minério”.