Diário de Notícias

As Irmãs Doroteias foram à praia para educar e transforma­r o mundo

É uma espécie de evangeliza­ção direta: as Doroteias abordam as pessoas, rezam e cantam com elas. Toda a ação se desenrola em Quarteira, bem junto ao mar e aos turistas que nesta altura invadem a região do Algarve

- HÉLI O NAS C I MENTO

Vestem T- shirt amarela, com uma bússola estampada, sinal claro de que estão ali para indicar o caminho. Organizam orações, “provocam” as pessoas, distribuem “jornalinho­s” nos quais denunciam os maus- tratos aos cristãos perseguido­s de todo o mundo e também cantam e tocam guitarra. Durante uma semana, indiferent­es ao calor habitual do mês de agosto, as Irmãs Doroteias espalham alegria na praia de Quarteira, numa missão de evangeliza­ção que já vai no oitavo ano consecutiv­o.

“Educar é uma forma de transforma­r o mundo” e a “alegria de ser cristão tem rosto”. É assim que elas se apresentam à comunidade e aos milhares de turistas com quem dividem o calçadão e as areias desta praia algarvia. São as irmãs Arminda ( do Seixal), Francisca, Ida ( ambas de Lisboa) e Alcina ( de Loulé) e fazem- se acompanhar por quatro jovens, a Beatriz, o Tito, a Sónia e a Ar i ana, também eles prontos a “transforma­r a vida em local de beleza”.

A iniciativa, denominada “Tendas na p r a i a”, é u ma d a s missões que as Irmãs Doroteias l evam a cabo neste período do ano. Começa pelas 08.30, com uma oração em plena praia, que é também um convite à reflexão, e prolonga- se por todo o dia. Após o almoço, como explica a i r mã Francisca, “promovemos teatros de rua e ‘ provocamos’ as pessoas com música e outro tipo de gestos e atitudes”.

À saída do mar, por exemplo, muito boa gente foi surpreendi­da com um “abraço grátis”, por sinal do agrado dos veraneante­s, cuja maioria fica entusiasma­da com a forma diferente e peculiar de falar da fé e de Deus. Para além de percorrere­m todo o calçadão da praia, as irmãs dispunham ainda de um espaço, uma tenda tipo contentor, que funcionava como capela, num convite à interiorid­ade e à oração. “Houve também cânticos, o rezar de um terço vivo e algumas músicas cantadas por todos e acompanhad­as pela guitarra da Francisca”, explica a irmã Ida.

As religiosas e os voluntário­s dormiram nas instalaçõe­s da Igreja de São Pedro do Mar e tomaram as refeições no Centro Social de Quarteira, em pleno contacto com os mais carenciado­s.

Os espaços ATL, das crianças, e os lares de idosos foram igualmente visitados pelas Doroteias, que não se coibiram de servir elas próprias uma refeição, no tal sentido de interagir com todos e “lançar as sementes para que os mais jovens se organizem e participem nestas missões”. Às vezes, uma resposta torta Diariament­e, muitas centenas de transeunte­s foram surpreendi­dos com a alegria transborda­nte dos elementos da congregaçã­o, em especial na oração do fim de tarde, que juntava cerca de uma centena de pessoas mais os que passeavam pela avenida junto à praia de Quarteira e queriam saber o que se passava. É neste pormenor que “en - travam em cena” a Beatriz e o Tito, da Juventude Doroteia.

“Às vezes lá surgia uma resposta torta, do tipo ‘ não quero saber disso’. Como é que reagia? Com um sorriso e um muito obrigado”, conta a Beatriz, de 17 anos, natural de Loulé, que se estreou nestas andanças e ficou encantada, sobretudo “depois de perder a vergonha”. Já o Tito atravessou o país inteiro, ele que viajou desde Bragança. “Gosto de interagir com a comunidade e partilhar informaçõe­s. Deus propicia- nos tanta coisa de borla que também quero ajudar”, confessa o jovem.

Terá sido esta, porventura, uma das ideias de Santa Paula Frassinett­i, a italiana que em 1834 fundou as Irmãs Doroteias, uma família religiosa apostólica espalhada por quatro continente­s e que chegou a Portugal em 1866. “Desenvolve­mos a nossa missão através da missão evangeliza­dora, com preferênci­a pela juventude e pelos mais pobres. Missão, comunhão fraterna e oração estão intimament­e ligadas na nossa vida.”

É assim que Francisca, Ida, Alcina e Arminda começam já a preparar naquilo que para o ano vão levar à praia de Quarteira. É que a missão não pode parar.

Muitos que saíam

do mar eram surpreendi­dos com um “abraço grátis”

As irmãs vestem todas T- shirts amarelas, tal como os jovens católicos, que as acompanham na missão

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