Grécia já está a discutir esboço do acordo para terceiro resgate

Documento poderá ser votado pelos deputados gregos na quinta- feira e aprovado pelo Eurogrupo no dia seguinte. Finlândia ameaça não participar no novo empréstimo

A Grécia está cada vez mais perto de conseguir fechar o esboço de um acordo para o terceiro resgate na terça- feira e receber uma primeira tranche do novo empréstimo, que pode ir até 86 mil milhões de euros, no dia 20. Segundo fontes do governo de Atenas, o documento já está a ser discutido pela equipa de Alexis Tsipras e este otimismo é partilhado por várias fontes de Bruxelas.

Nas últimas semanas, a Comissão Europeia e o governo helénico têm mostrado publicamente o seu otimismo em relação ao desenrolar das negociações entre Atenas e os credores, dizendo acreditar na sua conclusão antes da data em que a Grécia tem de pagar cerca de 3,2 mil milhões de euros ao Banco Central Europeu, precisamente no próximo dia 20.

A alternativa seria Atenas receber um novo empréstimo temporário – como o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, defende que vai acontecer – para permitir o reembolso à instituição liderada por Mario Draghi e evitando que a Grécia entre em default.

“Toda a gente está a trabalhar para o plano A, um acordo com desembolso a 20 de agosto”, adiantou fonte europeia à Reuters. Na sextafeira, o vice- primeiro- ministro grego, Yannis Dragasakis, garantiu que as duas partes estão prontas para um acordo e que, atualmente, “existem alguns temas que estão a ser examinados, mas não ‘ espinhos’”.

Após uma conferência telefónica realizada na sexta- feira para analisar o desenrolar das negociações, fontes de Bruxelas afirmaram que estas estavam a correr bem e que poderiam terminar dentro de dias. Se o esboço do memorando estiver pronto amanhã, como planeado, o governo de Tsipras e o Parlamento grego poderão votá- lo logo na quinta- feira. O que abriria caminho para um encontro, ou teleconferência, do Eurogrupo na sexta- feira, no qual será dada luz verde ao terceiro resgate. E a que se seguirão as votações nos parlamentos dos seis países onde tal é obrigatório.

Atenas e os credores já se entenderam sobre vários temas, como o calendário para a recapitalização bancária ( que será feita até ao final do ano), bem como que qualquer alteração no sistema de pensões não afetará os direitos adquiridos até 30 de junho.

Um dos temas mais sensíveis nestas negociações, a criação de um novo fundo para as privatizações, terá ficado também resolvido na sexta- feira, disseram fontes do Ministério das Finanças grego à agência de notícias ANA- MPA. Este novo fundo, que substituirá o atual, será baseado nos modelos de fundos soberanos da Noruega e da Austrália e criará uma reserva no valor de 50 mil milhões de euros nos próximos 30 anos.

Nesta reserva estarão bens do Estado, ações de empresas públicas, bens imobiliários, entre outros, e poderá ainda vir a incluir futuras receitas da utilização de recursos naturais, como hidrocarbonetos. Ficou ainda estabelecido que a inclusão de bens neste fundo – que terá sede em Atenas, será controlado pelo governo com a supervisão