Diário de Notícias

Ninguém fala dos cartazes ( invisíveis) do governo

- RICARDO MIRANDA Especialis­ta em marcas da Brandia Central

Omarketing político é muito mais do que cartazes de rua, mas é nos cartazes que se percebe se os partidos são bons de bola. É um pouco como no recreio do liceu: é a dar toques que se vê se um jogador vale alguma coisa. Se os toques forem desajeitad­os, é mais difícil ser escolhido. Não quer dizer que seja mau, mas parece. Em rigor, os cartazes não deviam fazer assim tanta diferença, mas fazem. São exercícios de síntese. Funcionam como uma espécie de exame escrito. Se um partido não consegue dizer o que pretende numa folha, as pessoas vão suspeitar de que não sabe bem o que dizer, pelo que não sabe bem o que fazer, pelo que não sabe o que quer para o país. Será que merece governar? Até agora o campeonato dos cartazes tem sido invulgarme­nte fraco. A bola está do lado do PS – o challenger –, mas os cartazes parecem revelar desgoverno interno. O PS que já nos brindou com cartazes icónicos como o “Razão e coração” de Guterres de 1995, ou o “Um por todos, todos por Portugal” na eleição de Jorge Sampaio para presidente oferece- nos agora cartazes confusos que não parecem fazer parte da mesma campanha. Um diz- nos que o emprego é a “causa das causas” ( boa frase), mas a seguir fala- nos em “tempo de confiança”, com uma jovem que destapa o bom tempo ( parece ir buscar inspiração às seitas religiosas) e, finalmente, temos vários cartazes com testemunho­s sobre casos de desemprego que se revelaram falsos. Emprego, desemprego, confiança... as mensagens poderiam jogar em equipa, mas não jogam. O denominado­r comum é o desnorte. São boas peças a chamar a atenção ( impacto), mas falta um conceito unificador. Depois de quatro anos de governo tão criticados e com um líder como António Costa, esperava- se mais do PS. Resultado: ninguém fala dos cartazes do governo que são invisíveis. Este é um ponto fraco da coligação, mas com o PS a marcar pontos negativos, fazer mal até nem é mau – se os outros forem piores.

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