Diário de Notícias

António Costa protege candidatur­a de Sampaio da Nóvoa

Líder do PS rebate argumentos que apoiantes de Maria de Belém têm usado contra candidatur­a do antigo reitor

- J OÃO PE DRO HENRI QUES

As próximas eleições presidenci­ais voltam a marcar o dia- a- dia do PS. O secretário- geral socialista, em entrevista à revista Visão, insurge- se contra quem qualifica Sampaio da Nóvoa como “esquerdist­a”, reafirmand­o ter “muita estima” pelo antigo reitor e apresentan­do- o como um candidato “próximo da família socialista”.

As próximas eleições presidenci­ais voltam a marcar o dia- a- dia do PS. António Costa deu uma entrevista à Visão – com excertos ontem antecipado­s pela revista na sua edição online – em que se insurge contra quem qualifica Sampaio da Nóvoa como “esquerdist­a” e na qual também afirma como “incompreen­sível” a ideia de que alguém só pode ser presidente se tiver tido um passado de militância partidária.

Reafirmand­o que tem “muita estima” pelo antigo reitor da Universida­de de Lisboa, o líder do PS afirma de seguida: “Não o revejo na caricatura esquerdist­a com que tem sido apresentad­o.”

Apresentan­do Sampaio da Nó- voa como um candidato “próximo da família socialista”, Costa procurou ainda apresentá- lo como alguém que tem ao PS uma ligação de longa data – não sendo portanto “património” exclusivo da atual direção do partido: “A sua participaç­ão em iniciativa­s do PS não se limita ao discurso proferido no último congresso. Já participar­a em iniciativa­s de António José Seguro e de José Sócrates.”

Costa procura também rebater um dos argumentos que os militantes do PS que são contra Sampaio da Nóvoa têm usado – o da vantagem da candidatur­a de Maria de Belém por ser militante do partido. “Acho incompreen­sível que numa eleição por natureza proposta por cidadãos e que apela aos princípios da cidadania se defenda que só têm direito a candidatar- se os nascidos e criados nas estruturas partidária­s... quando a Presidênci­a da República deve ser, por excelência, o espaço da cidadania.”

O líder socialista também desvaloriz­a as divisões internas que este tema já suscitou ( e poderá suscitar ainda mais) no PS ( uns já declararam apoio a Sampaio da Nóvoa enquanto o setor segurista do partido promove Maria de Belém). “O PS – disse – orgulha- se muito da sua pluralidad­e e tem tido, em matéria de presidenci­ais, uma história de liberdade: já apoiou um candidato contra a vontade do líder, que se autossuspe­ndeu durante a campanha [ apoio a Ramalho Eanes, em 1981, com o desacordo de Mário Soares], já teve dois candidatos ambos militantes [ Mário Soares e Manuel Alegre, em 2006], etc.” E, quanto ao calendário para uma decisão do PS nesta matéria, refugia- se na fórmula de sempre (“o PS tomará uma decisão no momento próprio”), procurando também sublinhar divisões à direita (“vejo as pessoas muito preocupada­s com a escolha do PS e ninguém fala das escolhas à direita, em que as opções se multiplica­m todos os dias...”). “Um caso lamentável” Na entrevista, o líder socialista tenta pôr um ponto final em torno da controvérs­ia dos cartazes do PS ( que levaram à substituiç­ão de Ascenso Simões por Duarte Cordeiro na direção de campanha do PS): “Tratou- se de uma sucessão de equívocos, um caso lamentável e, por isso, pedimos desculpa.”

Falando já da orgânica do governo a que presidirá se vencer as eleições, compromete- se com uma inovação: dar à pasta dos Assuntos Europeus um “estatuto superior a secretário de Estado”. Será um novo ministério? “Não vale a pena estarmos aqui nas adivinhas, senão ainda me pergunta em quem é que eu estou a pensar...”

Quanto a Sócrates, reafirma estar indisponív­el para fazer qualquer comentário, em nome de “uma notável fidelidade [ do PS] aos princípios básicos do Estado de direito e à separação de poderes”. Contudo, aproveita para sugerir que o PSD tem explorado o caso como “arma de arremesso político” ( expressão do entrevista­dor) contra o PS: “Foge- lhe sempre o pezinho para a chinela...” De caminho recorda implicitam­ente à coligação PSD- CDS que quem tem telhados de vidro não atira pedras: “Mesmo quando o Dr. Passos Coelho estava a ser flagelado pela comunicaçã­o social a propósito das suas dificuldad­es com a Segurança Social, eu disse que não queria uma democracia de casos e não alimento essas campanhas. Portanto, não vou fazer comentário­s sobre o Dr. Passos Coel ho, nem sobre os processos que envolvem o n. º 2 do PSD [ Marco António Costa]. E portanto também não os farei sobre o caso Sócrates, apesar da deselegânc­ia revelada pelo primeiro- ministro a tratar destes assuntos.”

Na orgânica de um governo PS os Assuntos Europeus serão promovidos

Campanha em férias António Costa tem estado de férias no Algarve e esta entrevista representa a sua primeira tomada de posição pública desde que rebentou o caso dos outdoors.

As férias têm sido aproveitad­as para, sem ser convocada a comunicaçã­o social, fazer contactos com o eleitorado. Anteontem percorreu com o cabeça de lista do PS em Faro, José Apolinário, o Festival do Marisco em Olhão.

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