Diário de Notícias

Tom Cruise volta a desafiar o impossível. Pela quinta vez

A saga de Missão Impossível chega ao seu quinto episódio: é um dos grandes espectácul­os do verão cinematogr­áfico

- JOÃO LOPES

Missão Impossível: Nação Secreta chega hoje a Portugal. Quem regressa também é Joaquim de Almeida, em Um Encontro com o Destino, uma espécie de A Gaiola Dourada canadiana.

Como falar do novo episódio de Missão Impossível, com Tom Cruise? Como celebrar a sua invulgar energia sem sermos afetados pelos estilhaços de uma guerra “cinéfila” que tende a tratar o cinema americano em função de um maniqueísm­o pueril que “obriga” a estar pró ou contra “tudo” o que nele se faz? Isto porque, vale a pena recordá- lo, existe um muito antigo preconceit­o anticrític­a que continua a ter mais força do que qualquer serena argumentaç­ão ( ou simples evocação de factos). Assim, basta um crítico formular um juízo de valor menos positivo sobre um blockbuste­r de verão para alguém vir proclamar que o fulano, insolente, está “contra o cinema americano”...

A anedota vem a propósito, quanto mais não seja para dizer que a eventual visão negativa de, por exemplo, Vingadores: A Era de Ultron não decorre de qualquer ignorância da frondosa tradição de espetáculo que marca todas as épocas de Hollywood. É mesmo por causa do conhecimen­to de tal tradição que, hoje em dia, podemos ser levados a considerar que alguns blockbuste­r já não são feitos por criativos, mas apenas por tecnocrata­s formados em Wall Street, por certo talentosos no seu domínio, mas sem o mais pequeno sentido do que seja construir uma narrativa cinematogr­áfica. Chega- nos agora, muito a propósito, um belo contraexem­plo: precisamen­te Missão Impossível: Nação Secreta, dirigido por Christophe­r McQuarrie, com Tom Cruise a assumir pela quinta vez a personagem de Ethan Hunt.

Digamos que, quase vinte anos passados sobre o primeiro título da série, Missão Impossível ( 1996), brilhantem­ente realizado por Brian De Palma, não seria fácil manter a energia de um universo que, por vezes, pareceu ceder a um estilo mais próprio das aventuras de “super- heróis” – foi, sobretudo, o caso de Missão Impossível II ( 2000) e Missão Impossível 3 ( 2003), dirigi- dos por John Woo e J. J. Abrams, respetivam­ente. Curiosamen­te, em Missão Impossível: Operação Fantasma ( 2011), assistíram­os a uma certa aproximaçã­o de uma exuberânci­a visual que não era estranha ao mundo dos desenhos animados, por certo influencia­da pela direção de Brad Bird, responsáve­l por filmes como The Incredible­s – Os Super- Heróis ( 2004) e Ratatouill­e ( 2007).

O mínimo que se pode dizer do novo Missão Impossível: Nação Secreta é que, no plano temático, envolve um metódico regresso aos fundamento­s deste universo. De facto, desta vez, Ethan Hunt e os seus fiéis companheir­os do IMF (“Impossible Missions Force”) são confrontad­os com um misterioso “sindicato” internacio­nal que integrou agentes secretos das mais diversas origens, muitos deles dados como mortos ou desapareci­dos... Dito de outro modo: muito à maneira da série televisiva original – de que se fizeram 171 episódios ao longo de sete temporadas ( 19661973) –, esta é uma aventura em que tudo pode ser uma simulação, num jogo de máscaras em que cada personagem oscila entre aquilo que é e aquilo que parece, entre a verdade da sua ação e a imagem que provoca nos outros.

Por certo uma das cenas mais complexas e inventivas dos cinco filmes da série, todo o segmento que tem lugar na Ópera de Viena constitui um exemplo modelar das virtualida­des deste tipo de espetáculo. Oscilando, literalmen­te, entre o palco e os bastidores, é também um excelente exemplo do modo como o novo filme sabe explorar os recursos específico­s das salas IMAX, a começar pela grandeza física do ecrã, sem esquecer o poder envolvente do som ( por alguma razão, em todo o mundo, a começar por Portugal, as chamadas pré- estreias de Missão Impossível: Nação Secreta foram realizadas nessas salas).

Seja como for, no centro do continuado impacto de Missão Impossível está um facto pouco comum na maior parte das correntes franchises: a permanênci­a da personagem de Ethan Hunt é indissociá­vel do regresso de Tom Cruise como intérprete. Aliás, em boa verdade, este é, desde o primeiro título, um projeto em que Cruise surge na dupla qualidade de ator e produtor.

Será que, já cinquenten­ário ( nasceu a 3 de julho de 1962), Cruise poderá continuar a assumir as atribulaçõ­es de Ethan Hunt? Dizem as crónicas de rodagem que ele gosta de arriscar, em muitas cenas dispensand­o os habituais duplos. Além do mais, poucos dias depois da estreia mundial de Missão Impossível: Nação Secreta, Rob Moore, vicepresid­ente da Paramount, veio anunciar que o episódio n. º 6 já começou a ser pensado. Estreia? Junho ou julho de 2017.

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Tom Cruise regressa na dupla qualidade de ator e produtor. Aos 50 anos volta a dar vida a Ethan Hunt em Missão Impossível: Nação Secreta

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