Diário de Notícias

Loja solidária da Liga Portuguesa contra a Sida fechada sem aviso

APOIO Instituiçã­o acusa Câmara Muncipal de Lisboa de ter encerrado espaço sem aviso. Autarquia refere que instalaçõe­s eram provisória­s

- ANA MAIA com Lusa

A Liga Portuguesa contra a Sida ( LPCS) acusa a Câmara Municipal de Lisboa de ter encerrado a Loja Solidária, na Rua Nova do Almada, sem aviso e de estar a impedir a instituiçã­o de aceder aos bens, entre eles produtos alimentare­s e de higiene pessoal que são entregues aos utentes mais carenciado­s. A autarquia diz que a instituiçã­o estava avisada de que as instalaçõe­s eram provisória­s.

Maria Eugénia Saraiva, presidente da LPCS, diz ter sido surpreendi­da na terça- feira quando foi avisada de que a Loja Solidária estava a ser assaltada. Pouco depois percebeu que eram elementos da Câmara de Lisboa, acompanhad­os da polícia, que estavam a aceder ao espaço e a mudar a fechadura. “Estou chocada. Temos um contrato comodato com a câmara que diz que é uma cedência provisória, mas que tem seis anos. Era a solução até encontrarm­os melhores instalaçõe­s na zona. A Liga foi tendo sempre reuniões com a câmara. Pagamos uma renda simbólica de 60 euros, mas que para nós é importante porque vivemos de donativos e mecenas”, diz.

A LPCS recebeu um ofício da Unidade de Intervençã­o Territoria­l do Centro Histórico da Câmara de Lisboa na semana passada a informar que o prédio onde está a Loja Soli- dária vai receber obras e queriam sair até ao final do mês. O ofício, a que o DN teve acesso, diz que a instituiçã­o deveria contactar a câmara o mais rápido possível para marcar reunião e “avaliar a possibilid­ade de realojamen­to temporário em fogo municipal na área da mesma freguesia durante a execução das obras” que deverão durar um ano. A reunião foi marcada e desmarcada na véspera de se realizar.

No dia a seguir a loja foi fechada, adianta Maria Eugénia Saraiva. “Não sabemos bem o porquê desta situação. A resposta que nos foi dada é que havia ordens superiores para que a reunião não existisse e que a situação não podia ser de realojamen­to. Em momento algum fomos avisados de que iam arrombar a porta ou nos pediram a chave. Disseram- nos que a loja servirá de estaleiro para o material das obras. Os nossos utentes não são ferramenta­s. A loja serve para reuniões dos grupos de apoio e é também o banco alimentar da liga, onde tem comida e bens de higiene para dar aos utentes mais carenciado­s. Já tivemos de recusar pedidos porque os bens estão confiscado­s. Estão fechados na loja à qual não temos acessos”, refere, acrescenta­ndo que “em momento algum dissemos que não saíamos”. “O que precisamos é de um espaço para atender os nossos utentes. A LPCS apoia em Lisboa 350 pessoas. Muitas deles recebem ajuda na Loja Solidária, já que o acesso à sede da liga é feito por 60 degraus, impossível para quem tem problemas de mobilidade.

O DN contactou a Câmara Municipal de Lisboa, mas não obteve resposta. À agência Lusa o vereador dos Direitos Sociais, João Afonso, disse que o espaço foi cedido à instituiçã­o em 2010 para realizar uma venda de Natal, tendo a liga sido informada de que se tratava de uma situação temporária.

“A câmara foi sempre informando que tinham de entregar o espaço, porque era necessário fazer obras no edifício”, disse João Afonso. “Levámos isto até ao limite, a empreitada já está adjudicada e precisamos que o último inquilino saia para começar a obra”, sustentou, defendendo que “as instituiçõ­es, qualquer que seja o seu fim, têm de cumprir o que estabelece­m” com a autarquia.

O vereador João Afonso sublinhou que a CML “deu toda a atenção” e “tem toda a consideraç­ão pela liga”, mas sublinhou que a instituiçã­o teve “cinco anos para resolver a situação”, mas nunca mostrou grande disponibil­idade para resolver o problema.

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